Atentados no Irã, Estado Islâmico, e o envolvimento na Síria
Jorge Mortean (*)
Os ataques terroristas ocorridos nesta quarta-feira (07/06) em Teerã, capital iraniana – perpetrados pelo Estado Islâmico – tendo como alvos o Parlamento do país e o Mausoléu do Aiatolá Khomeini (líder da Revolução Islâmica ocorrida no Irã em 1979), mostram o alto preço que a nação persa começa a pagar pelo seu envolvimento na guerra da Síria.
O Estado Islâmico tenta derrubar o governo de Bashar Al-Assad, presidente sírio apoiado abertamente por Moscou e Teerã. Os ataques realizados em solo iraniano na terça-feira à tarde refletem essa tensão regional e expõem um deslize dos serviços de inteligência iranianos, uns dos mais eficazes do mundo.
A capital iraniana não era atingida por nenhuma ação terrorista desde o fim da guerra com o Iraque, há praticamente três décadas. De modo geral, o Irã é um dos países mais seguros do Oriente Médio, graças ao seu aparato militar e seu serviço secreto, sempre alertas.
Tidos como um episódio pontual, estes ataques recentes não comprometem a normalidade do país, seja na vida cotidiana ou na política doméstica. Já com relação às influências iranianas sobre os países vizinhos, pode-se esperar que Teerã endureça seu combate ao Estado Islâmico em território sírio, reforçando seu apoio ao governo daquele país. Este ataque é indesejado também aos vizinhos árabes e às potências ocidentais, já que complica ainda mais as tratativas de estabilização política na região.
(*) Consultor de Cultura e Negócios Internacionais (Brasil-Oriente Médio) da Mercator Business Intelligentsia. Geógrafo formado pela Universidade de São Paulo (USP) e Mestre em Estudos Regionais do Oriente Médio, é pesquisador das relações diplomáticas entre a América Latina e o Oriente Médio. Também é doutorando em Geografia Política pela USP e atuou como Professor do curso de Relações Internacionais da FAAP – Fundação Armando Alvares Penteado e na Universidade Paulista (UNIP).