Será a 11ª vez que o Brasil integrará o quadro de membros não permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Os Emirados Árabes Unidos estarão ao lado do amigo Brasil para coordenar ainda mais os esforços na tentativa de sustentar a segurança regional e internacional.
Muitas expectativas são colocadas aos países que exercem algum papel no Fórum da ONU. A diplomacia brasileira está, há décadas, presente tanto na Assembleia-Geral quanto no Conselho de Segurança. Em 29 de novembro de 1947, Oswaldo Aranha, então ministro das Relações Exteriores do Brasil, presidiu a sessão da Assembleia-Geral que recomendou a fórmula de paz dos dois Estados no conflito árabe-israelense. Esse formato de paz é válido até hoje.
Por outro lado, o Brasil tem sido, desde o fim da década de 1990, um candidato legítimo a membro permanente do Conselho de Segurança no contexto do processo aberto de reforma da ONU, representando o continente latino-americano. Infelizmente, a reforma não está mais na agenda da ONU por motivos relacionados ao poder de veto confinado aos cinco grandes membros permanentes do Conselho de Segurança. Apesar do fracasso em relação à reforma pelos principais países candidatos, como Alemanha, Austrália, Índia, Egito, entre outros, além do Brasil, não significa que o processo acabou.
É a geopolítica que necessita de um processo de reforma capaz de refletir os interesses e o poder de cada país no cenário internacional. Nesse sentido, poderia ser uma das responsabilidades do Brasil ater-se, entre outras grandes potências, ao processo de reforma. Sustentar a segurança e a paz no mundo e refletir, relativamente, uma representação mais realista dos principais países no Conselho de Segurança são objetivos legítimos de várias nações.
A salvaguarda de seus interesses políticos e econômicos pode ser listada como uma das principais responsabilidades do Brasil, o maior país da América Latina, ocupando mais de 43% de seu território, com mais de 210 milhões de cidadãos. Isso confere à diplomacia multilateral brasileira um grande papel a desempenhar e uma presença tangível a se manifestar nos diferentes fóruns da ONU. Bilateralmente, a diplomacia brasileira tem, com sucesso, aprimorado suas relações em todas as esferas de cooperação com quase todos os países da região.
Isso vem sendo visto pelos parceiros árabes do Brasil com muita objetividade. Reeleger o Brasil várias vezes para o Conselho de Segurança, junto com o legado histórico da diplomacia multilateral brasileira para difundir a segurança e a paz em diferentes partes do mundo, especificamente no Oriente Médio, é, de fato, um valor agregado ao Brasil.
Como a solução de dois Estados ainda é a única fórmula aceita pela comunidade da ONU para alcançar a paz na região, aparentemente a diplomacia brasileira pode reiterar sua fórmula de paz de 1947 para impulsionar os esforços internacionais e trazer a paz ao Meio Este, investindo na excelente relação com os países árabes, bem como com os demais interessados. Isso poderia ser aplicado a outras crises na região também (Iêmen, Líbia, Síria e outros).
No contexto das relações bilaterais árabe-brasileiras, as trocas comerciais, que ultrapassam US$ 16 bilhões em 2020, com quase US$ 13 bilhões em investimentos, devem ser consideradas. Nesse contexto, pode-se lançar uma perspectiva sobre um aumento do intercâmbio comercial e investimentos estrangeiros entre as duas partes, quando a paz for finalmente estabelecida na região do Oriente Médio.
Imaginemos que as ambições dos povos da região, de viver em paz e gozar da prosperidade, sejam concretizadas com o término da ocupação israelense dos territórios palestinos, a partir de esforços diplomáticos exercidos pelo amistoso Brasil e por outros membros que compartilham das mesmas aspirações. Em última análise, o resultado seria o direito legítimo, finalmente alcançado e há muito esperado, de estabelecer o Estado Palestino, com Jerusalém Oriental como sua capital. Tal engajamento da diplomacia brasileira, de fato, refletiria a enorme responsabilidade assumida por um país de destaque, de tantos méritos políticos quanto econômicos, que o Brasil verdadeiramente representa.