Douglas Koneff
Instituições brasileiras têm um papel fundamental no combate ao desmatamento devastador da Amazônia
Entre todas as forças centrífugas destes últimos 20 anos, disputando para separar o mundo, a crise climática ainda paira como a maior questão que mudará a vida de forma inalterável.” O enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, frequentemente enfatiza esse ponto. A crise climática é uma ameaça existencial a nosso futuro, empregos, alimentos, filhos, lares e ao planeta.
Nos primeiros nove meses deste ano, os EUA sofreram 15 desastres climáticos, cada um deles custou à nossa nação mais de US$ 1 bilhão. Tragédias semelhantes ocorreram no mundo todo, incluindo o Brasil, onde inundações, incêndios e secas minaram o sustento e a segurança de milhões de pessoas.
Encontrar soluções requer uma cooperação global. A COP27 precisa obter resultados fortes e uma abordagem Implementation Plus, mas o que isso significa? Significa manter viva a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 oC. Devemos intensificar a ação global para reduzir as emissões de carbono e nos adaptarmos aos impactos climáticos, cumprindo e ampliando as metas anteriores. As estratégias para o crescimento econômico devem estar focadas na sustentabilidade e no apoio a esforços climáticos mais amplos.
Os EUA vão à COP27 certos de que estamos no caminho para cumprir nossas ambiciosas metas. Nossa legislação climática aprovada recentemente é a mais significativa da história dos EUA e traça um cronograma assertivo para reduzir até 2030 nossas emissões em 50-52% abaixo dos níveis de 2005, demonstrando empenho para alcançar nossos compromissos climáticos nos próximos oito anos.
Continuamos comprometidos em mobilizar US$ 100 bilhões anualmente para apoiar os esforços nos países em desenvolvimento, incluindo a promessa do presidente Biden de entregar US$ 11 bilhões por ano em financiamento até 2024 para descarbonizar as economias e aumentar a resiliência, especialmente entre comunidades vulneráveis.
O Brasil é um parceiro crucial contra as mudanças climáticas. As instituições brasileiras de renome internacional têm um papel fundamental no combate ao desmatamento devastador da Amazônia. Na COP27 e além, o Brasil pode contribuir no combate à crise climática com a criatividade, visão e liderança climática de empresas brasileiras, sociedade civil, universidades, comunidades indígenas e governos.
A cooperação ambiental Brasil-EUA para a conservação da biodiversidade na Amazônia reúne instituições governamentais, sociedade civil e setor privado. Apenas no ano passado, nossa parceria, por meio da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), evitou mais de 30 milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa, o equivalente à queima de quase 80 milhões de barris de óleo, e aprimorou a gestão de 45 milhões de hectares na Amazônia brasileira. Nossos investimentos apoiaram 189 áreas protegidas, das quais 83% eram reservas indígenas.
Há muito mais a fazer. Parceiros no Brasil e nos EUA entendem que devemos agir mais para proteger biomas críticos, como Amazônia e Cerrado, e fazer a transição para um futuro carbono zero. Entendemos que este momento representa uma chance de criação de empregos e investimentos verdes, melhoria da saúde, combate à fome e redução da poluição.
A COP27 será um momento crucial para o Brasil e os EUA darem mais um passo em nossa jornada de 200 anos e construir nosso legado de parceria com o Brasil. Porque o futuro é verde.
Douglas A. Koneff é encarregado de negócios da embaixada e consulados dos EUA no Brasil. Artigo publicado no jornal O Globo no dia 10 de novembro de 2022.