No dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu aos governantes que “acordem e lutem” contra o coronavírus, numa análise da situação do México, a América Latina e o Caribe superaram, ontem, a Europa em número de casos da covid-19. São mais de 2.735.107 milhões diagnósticos oficialmente contabilizados na região, que ocupa o segundo lugar em registros, atrás de Estados Unidos e Canadá (2.844.522). O continente europeu continua sendo o líder no ranking de mortes, com 198.310 vítimas, de acordo com levantamento da agência de notícias France-Presse (AFP).
“É hora de os países olharem para os números. Por favor, não ignorem o que os números dizem”, disse Michael Ryan, chefe de emergências da saúde da OMS, afirmando que a pergunta era sobre o México, mas que sua mensagem era endereçada a muitos países. “As pessoas devem acordar. Os números não mentem e a situação no terreno não mente”, acrescentou.
Ryan enfatizou que a OMS entende perfeitamente os motivos pelos quais os países quererem relançar suas economias, mas advertiu que o coronavírus é um problema que não pode ser ignorado. “Não desaparecerá como que por mágica”, insistiu.
Aceleração – Em todo o mundo, o novo coronavírus havia provocado, até ontem, mais de 521 mil óbitos e perto de 11 milhões de contágios, segundo o balanço da AFP. País mais afetado do planeta, os Estados Unidos registraram mais de 128 mil óbitos e, entre quinta-feira e ontem, bateram um novo recorde diário de diagnósticos, com 53 mil novas infecções. Um número preocupante, sobretudo às vésperas do fim de semana de celebração da independência.
Com o rápido agravamento da situação, a Flórida, que registrou, na quinta-feira, o recorde diário de 10 mil casos, pode enfrentar, em breve, problemas para tratar os pacientes. O estado recuou nas medidas de desconfinamento.
Nas últimas semanas, o cenário piorou sensivelmente na América Latina e no Caribe, com a epidemia muito ativa. A região superou, ontem, 121 mil óbitos. Além do Brasil, com mais de 60 mil mortes, preocupa a situação no Peru, onde os casos da covid-19 explodiram, em meio a medidas de flexibilização do confinamento.
Segunda nação na América Latina em número de caso, o Peru enfrenta um quadro de hospitais à beira do colapso. Há dois dias, ultrapassou a trágica barreira de 10 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus. Apesar dos números dramáticos, a quarentena foi suspensa na quarta-feira em 18 dos 25 departamentos do país, incluindo Lima.
Na Europa, onde a propagação do vírus parece controlada, os governos se apressam a anunciar as medidas de flexibilização para tentar salvar a temporada de verão, crucial para muitos países. A partir de 10 de julho, os viajantes procedentes de quase 50 países estarão isentos da quarentena de 14 dias imposta pelo governo do Reino Unido — o Brasil não está na lista.