O economista Luis Arce, afilhado político do ex-presidente boliviano Evo Morales, foi proclamado formalmente neste sábado (8) candidato presidencial nas eleições de 3 de maio, na cidade andina de El Alto, considerada o reduto político do Movimento ao Socialismo (MAS). Sob uma chuva persistente e centenas de militantes, Arce criticou o governo de Jeanine Áñez e a tachou de “golpista”, em linha com as críticas de Morales.
A candidatura de Arce – que lidera as pesquisas de intenções de voto – havia sido anunciada pelo ex-presidente em janeiro em Buenos Aires, onde se encontra refugiado após passar um mês no México depois de sua renúncia em 10 de novembro.No ato deste sábado, na cidade vizinha a La paz, os simpatizantes de Morales deram seu apoio a Arce, dançando no ritmo de música folclórica e agitando bandeiras da Bolívia e as onipresentes whipalas, símbolo indígena do país.
Arce, que foi à frente da Economia um dos ministros-chave durante a presidência de Morales (2006-2019), chamou de entrada em seu discurso os militantes a recuperarem o governo “arrebatado por um golpe sangrento e maldito que deixou os bolivianos de luto”. “Temos que continuar trabalhando porque este governo da vez, de fato, golpista, está pondo em risco tudo o que fizemos”, disse, e assegurou que a administração de Áñez “põe em risco a economia nacional”.
Durante o discurso de Arce, os militantes do MAS dedicaram cânticos a seu líder: “Evo, Evo, Evo!” e “Evo, você não está só!”. Impedido de ser candidato presidencial, Morales, de 60 anos, e aliado de Cuba e Venezuela, aspira a um assento no Senado pelo departamento (estado) de Cochabamba (centro), embora o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) ainda deva resolver se pode se apresentar.
O ato começou com a queima de oferendas a Pachamama (mãe Terra), como doces, raízes de plantas e ervas, a cargo de xamãs aimaras. Arce encabeça as pesquisas de intenção de voto com 26%, segundo a última consulta do jornal Página Siete. Seguem-no, empatados com 17%, o ex-presidente Carlos Mesa (centro) e o líder regional de direita Luis Fernando Camacho, e com 12% a presidente Áñez. Se não for definido um vencedor nas eleições de 3 de maio, está previsto um segundo turno em 14 de junho e a posse do novo governo entre o fim de junho e julho.