Numa entrevista à emissora pública britânica BBC, Ashraf Ghani considerou que o anúncio da Aliança Atlântica pode ajudar a que todas as partes no conflito afegão cheguem à mesma conclusão: “que o uso da força não é uma solução”.
A NATO tem quase 10.000 militares no Afeganistão, mas devido a um acordo entre os Estados Unidos e os talibãs estava previsto que se retirassem até ao mês de maio, depois de 20 anos no país.
O Presidente afegão acredita que agora existe a oportunidade para se chegar a “um acordo político”, mas insistiu na necessidade de “um esforço conjunto” a nível internacional. O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está a analisar o acordo alcançado pelo seu antecessor, Donald Trump.
Os militares norte-americanos chegaram ao Afeganistão após os atentados de 11 de setembro de 2001. Ghani disse ainda à BBC que está “encantado” com o relacionamento com a nova administração em Washington e com a “coerência” da comunidade internacional em relação ao futuro do Afeganistão.
“Conto com a força da coerência para evitar tragédias. Há grande temor de um colapso na guerra civil”, indicou. Em 2018 os talibãs já estavam ativos em mais de dois terços do país e a violência tem aumentado nos últimos meses. No entanto, Ghani rejeitou o receio de uma vitória militar dos talibãs, assinalando que o Afeganistão “não é o Vietname. O Governo não se está a desmoronar”.
“Da nossa parte existe um sentido de urgência, estamos dispostos a tomar decisões difíceis e elas serão necessárias. Quarenta anos de violência neste país sãosuficientes”, disse o presidente afegão.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciou na quinta-feira que os Aliados ainda não chegaram a uma “decisão final” sobre a retirada de tropas do Afeganistão, mas que continuarão a “consultar-se” e a “coordenar-se” nas próximas semanas sobre a questão.
Stoltenberg apelou a que as conversas entre o Governo afegão e os talibãs sejam “revitalizadas”. “As conversas são frágeis e o progresso é lento, por isso é imperativo revitalizar o processo de paz. Todas as partes devem aproveitar esta oportunidade histórica para chegar a uma resolução pacífica, sem mais delongas”, defendeu.
Adiantou que os Aliados “acreditam que ainda há tempo para se chegar a um acordo político” e para que se “vejam progressos” nas negociações antes da data acordada para a retirada total das tropas internacionais do país.