O governo iraniano declarou hoje (03) que observou uma visão mais sensata dos países ocidentais nas negociações para salvar o acordo nuclear de Viena, a algumas horas de as conversações serem retomadas após um intervalo de três dias.
“Agora podemos ver o recuo, ou melhor, o realismo da parte ocidental nas negociações de Viena, que não podem ter exigências para além do acordo nuclear”, disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Said Khatibzadeh, aos jornalistas.
“É muito cedo para julgar se os Estados Unidos e os três países europeus traçaram uma agenda verdadeira para se comprometerem com o levantamento das sanções”, acrescentou Khatibzadeh.
Na manhã de hoje, a agência de notícias estatal iraniana Irna anunciou a chegada do negociador iraniano Ali Bagheri à capital austríaca para dar continuidade à oitava ronda de negociações, após um intervalo de três dias devido às festividades de fim de ano.
Bagheri disse na quinta-feira que o progresso foi “relativamente satisfatório” durante os primeiros dias da nova ronda de negociações. Por sua vez, Washington observou um progresso “modesto” em Viena e juntou-se aos europeus ao insistir na “urgência” de concluir as discussões diante dos avanços no âmbito nuclear de Teerã.
Estas negociações foram reiniciadas no final de novembro, após um intervalo de cinco meses, entre Teerã e os países ainda signatários do pacto (França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China). Os Estados Unidos participam indiretamente nas negociações em Viena.
O principal objetivo das discussões é incluir os Estados Unidos novamente no pacto, que deixou unilateralmente em 2018, e levar Teerã a respeitar novamente os seus compromissos, que foram rompidos em reação ao restabelecimento das sanções norte-americanas ao Irã.
“Hoje é o dia para as partes adversárias mostrarem o seu compromisso e mostrarem que podemos progredir na questão do levantamento das sanções, garantias e verificações, onde temos feito poucos avanços”, observou Khatibzadeh. “Claro, temos que garantir que as empresas (estrangeiras) não são afetadas pelos receios quotidianos de Washington”, acrescentou.
O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA na sigla em inglês), como é conhecido o acordo nuclear de 2015 entre o Irão e as grandes potências, previa o levantamento de sanções internacionais à República Islâmica, em troca de limitações significativas do seu programa nuclear.