Republicanos e democratas se enfrentam para as eleições presidenciais norte-americanas de 2020, criando um ambiente de incertezas econômicas e um clima tenso no comércio global.
Desde a posse do republicano Donald Trump, o comércio mundial vem se transformando e sentindo os impactos pelo seu posicionamento e por suas decisões. Fato é que a maior economia do mundo dita as regras do comércio internacional, mesmo com a ascensão dos países asiáticos e dos BRICS (acrônimo criado pelo economista e ex-presidente da Goldman Sachs Asset Management, para designar um agrupamento de países apontados como as grandes economias emergentes do mundo).
Os impactos dessa eleição, também serão sentidos no Brasil, afinal, os EUA são o nosso segundo maior parceiro comercial. O físico Albert Einstein já dizia que é preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio. Os EUA levam esse movimento a sério, contudo é importante se posicionar com cautela, com consciência dos reflexos no comércio global, pois não podemos esquecer-nos da famosa terceira lei de Newton, afirmando que toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto.
Já assistimos o embate dos EUA com a Organização Mundial do Comércio (OMC), devido a bandeira protecionista defendida pelo país e, agora, estamos acompanhando a guerra comercial com a China, inclusive, por tecnologia. Diante desse imbróglio, é importante continuarmos com o título de nação amiga e estarmos atentos ao fato de que os norte-americanos também produzem commodities, tornando-os nosso concorrente.
Há outro cenário possível e novo com o Democrata, uma agenda mais social, a economia mais aberta, deixando de lado o protecionismo e se reaproximando da China.
E o contexto muda para o Brasil. Por esse motivo, precisamos fortalecer os laços bilaterais comerciais com os EUA para não haver ruptura diplomática, por questões políticas e de alinhamento do governo brasileiro com os republicanos. Além disso, é necessária uma aproximação diplomática brasileira para discutir a candidatura do Brasil à OCDE.
Independentemente do resultado, seremos impactados, principalmente pelo momento delicado que o mundo enfrenta com a pandemia do novo coronavírus. A verdade é que os EUA fazem qualquer coisa para se manter bem no jogo, e o que buscamos é o equilíbrio global.
*Michelle Fernandes é CEO da M2Trade e membro do conselho de Política e Comércio Exterior da ACRJ – Associação Comercial do Rio de Janeiro.