O Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu à porta fechada para discutir o golpe de 24 de janeiro no Burkina Faso, falhou um acordo para uma declaração conjunta sobre a tomada do poder pelos militares, segundo diplomatas.
Não há acordo entre os 15 membros do conselho, disse uma fonte diplomática à agência France-Presse. “Temos de continuar a negociar”, referiu.A reunião tinha sido solicitada pelo Gana, Quénia e Gabão, os três membros africanos (não permanentes) do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Durante a sessão, o conselho ouviu um ‘briefing’ do representante da ONU na África Ocidental, Mahamat Saleh Annadif, que visitou recentemente o Burkina Faso numa missão conjunta com um representante da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
De acordo com um projeto de declaração iniciado pelo Gana (atual presidente da CEDEAO), a que a agência francesa teve acesso, o conselho não condenaria formalmente o golpe, mas expressaria a sua “preocupação”. Apelaria também para um regresso à ordem constitucional no Burkina Faso o mais depressa possível e a libertação do Presidente derrubado pelos militares, Roch Marc Christian Kaboré.
O conselho também daria o seu total apoio aos esforços da CEDEAO para resolver a crise. Numa cimeira extraordinária no Gana, na quinta-feira, a CEDEAO decidiu não impor novas sanções contra o Burkina Faso – suspenso da organização em 28 de janeiro por causa do golpe – mas pediu às novas autoridades que apresentassem um “calendário razoável para o regresso à ordem constitucional”.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reagiu em 25 de janeiro à nova situação no Burkina Faso dizendo que “os golpes militares são inaceitáveis”. Os militares tomaram o poder no Burkina Faso, em 24 de janeiro, após um tiroteio do dia anterior em vários quartéis, em Ouagadougou e outras cidades, incidentes que foram inicialmente descritos como um alegado motim para exigir melhoria das condições nas Forças Armadas.
O golpe foi confirmado depois de membros da junta militar terem aparecido na televisão estatal RTB a anunciar que tinham deposto o Presidente Roch Kaboré, bem como outras medidas, tais como a dissolução do governo e do parlamento e a suspensão da Constituição (parcialmente restaurada em 31 de janeiro).
O Burkina Faso sofre os efeitos de atividades ‘jihadistas’ desde 2015 e os ataques, atribuídos a grupos aliados da Al-Qaida e do grupo extremista Estado Islâmico, causaram mais de 1,5 milhões de deslocados internos, segundo o governo de Ouagadougou.