O porta-voz do governo polaco, Piotr Mueller, escreveu na sua conta da rede social Twitter, na noite de quinta-feira (06), que as declarações do embaixador foram “extremamente irresponsáveis” e que foi aberto um processo para a retirada do diplomata, alegando que ele deveria ter protegido os interesses do país.
Numa entrevista divulgada na quinta-feira pela estação de rádio alemã Deutsche Welle, o embaixador Miroslaw Jasinski disse que a Polónia mostrou “falta de empatia, falta de compreensão e falta de vontade para abrir o diálogo” com a República Checa, no caso que envolve uma mina de lignito (um carvão fóssil).
A mina de lignito polaca está localizada em Turow, perto da fronteira com a República Checa e as autoridades checas consideram que afeta negativamente o meio ambiente e drena a água das aldeias locais.
Ao fim de vários meses de negociações entre os ministros do Ambiente checo e polaco, não houve um entendimento entre as partes, apesar das repetidas declarações do primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, de que um acordo estava próximo.
Jasinski – que se tornou embaixador da Polónia na República Checa no mês passado – acusou a administração da mina de não conseguir resolver o conflito e de permitir que este se transformasse numa disputa política.
“Sejamos honestos e admitamos que, ainda assim, o motivo da disputa foi a arrogância de algumas pessoas. Em primeiro lugar, da administração da mina. Depois, da administração da PGE (a empresa estatal de energia). A anos-luz destas estão os ministérios e o primeiro-ministro”, disse Jasinski, na entrevista à Deutsche Welle.
A mina também tem sido uma fonte de tensão entre a Polónia e a União Europeia, levando, em outubro passado, o Tribunal de Justiça Europeu a multar o Governo polaco em 500.000 euros por dia, por não acatar a decisão de encerrar a mina de Turow.
Para recusar o encerramento da mina a céu aberto, o Governo polaco argumentou que ela abastece uma fábrica que gera cerca de 7% da energia do país. O novo Governo checo pretende eliminar o carvão na produção de energia até 2033 e, ao mesmo tempo, aumentar a dependência do país de fontes energéticas nucleares e renováveis.
A Polônia – que depende do carvão para quase 70% de sua geração de energia e para cerca de 80.000 empregos – diz que precisa de uma lenta eliminação das minas e definiu apenas para 2049 a meta de terminar com o aproveitamento deste combustível fóssil.