A líder social-democrata da Suécia, Magdalena Andersson, foi eleita pelo Parlamento nesta segunda-feira (29) ao cargo de primeira-ministra, uma semana após ter sido escolhida e renunciar, horas depois, por falta de apoio. Economista, de 54 anos, Andersson ocupava o cargo de ministra das Finanças, desde 2014. Ela será a primeira mulher a se tornar chefe de Governo na Suécia.
Magdalena Andersson foi eleita com 173 votos contrários dos deputados, 101 a favor e 75 abstenções. Na Suécia, um governo é aprovado se a maioria absoluta (175 deputados) não vota contra a candidatura. O país lidera o ranking dos países com maior igualdade de gênero na Europa. Porém, ao contrário dos outros países nórdicos, desde a criação do cargo de premiê, em 1876, o país nunca teve uma mulher à frente do governo.
Magdalena Andersson vai liderar um governo minoritário, formado por seu próprio partido, que possui apenas 100 eleitos, entre 349 do Parlamento unicameral. Esse é o mais fraco apoio a um governo na Suécia, desde 1979.
Na quarta-feira da semana passada, Magdalena Andersson foi eleita primeira-ministra, depois não conseguiu a aprovação de seu orçamento e renunciou, após a retirada de apoio dos deputados ecologistas. Com a saída dos Verdes, a nova primeira-ministra vai liderar um governo totalmente social-democrata.
“Agora ela estará à frente de um governo de partido único. Não haverá mais surpresas. Nem crises, ao menos por enquanto”, analisa Anders Sannersdst, professor de Ciências Políticas da Universidade de Lund, que considera o episódio da semana passada “histórico”. A Suécia, apesar de estar acostumada com situações complicadas no Parlamento, especialmente desde 2018, nunca havia passado por algo parecido.
Transição – Exceto por uma surpresa de último minuto, esta eleição fecha a transição de poder social-democrata após a saída do primeiro-ministro Stefan Löfven, que deixou o cargo no início do mês e a menos de um ano das eleições legislativas de setembro de 2022. Entre os colegas de partido, Magdalena Andersson tem o apelido de “Trator”, pelo estilo franco e direto da nova chefe de governo, que foi campeã de natação na juventude. “Sempre gostei de mandar”, ela revelou em uma entrevista recente ao jornal sueco Expressen.
Porém, num cenário político altamente fragmentado, um dos desafios será implementar um orçamento elaborado, em parte, por três partidos de oposição. A apresentação do novo governo ao rei Carl XVI Gustaf da Suécia, que estabelece oficialmente a posse, está prevista para terça-feira (30).
Eleições à frente – A sucessão no Executivo acontece a poucos meses das eleições legislativas da Suécia, programadas para setembro de 2022 e que devem ser acirradas. De acordo com as pesquisas, o Partido Social-Democrata tem quase 25% das intenções de voto e continuaria como a principal formação política do país, mas registra seus menores índices.A legenda deve enfrentar o grande rival, o partido conservador dos Moderados, liderado por Ulf Kristersson, que recentemente se aproximou da extrema-direita dos Democratas da Suécia (SD), formação contrária à migração. Kristersson se mostrou disposto a governar com o apoio da extrema-direita no Parlamento, o que representaria uma guinada no cenário político sueco.
E foi justamente o fato de ter sido aprovado um orçamento de direita, elaborado pela primeira vez com o SD, o que provocou a saída dos ecologistas do governo e a consequente renúncia de Magdalena Andersson, na semana passada. (Com informações da AFP)