Maior exportador de carnes Halal do mundo, o Brasil passa agora a ter também uma empresa de cosméticos com essa certificação, exigida para o consumo de produtos pelos praticantes da religião muçulmana. Com sede em Minas Gerais, o grupo Adélia Mendonça Cosmiatria cumpriu os requisitos técnicos e religiosos e recebeu o certificado da Cdial (Centro de Divulgação do Islam para a América Latina).
A lei islâmica proíbe o uso por seus seguidores de itens citados como ilícitos no Alcorão, livro sagrado da religião. A regra vale tanto para o consumo direto quanto para o indireto, em que há matérias-primas ou insumos irregulares na produção.
Nesse sentido, a certificação garante ao consumidor muçulmano que aquele produto foi inspecionado sob o aspecto técnico e religioso. Em português, a palavra Halal pode ser traduzida como “lícito”.
“A auditoria Halal para cosmético verifica, no aspecto religioso, principalmente a presença de ingredientes derivados do porco, que são totalmente proibidos, e álcool, que pode ser usado, mas com limites. No técnico, avaliamos boas práticas produtivas, calibragem de equipamentos, higienização, controle de pragas e impacto ambiental”, explica o gerente de Relações Internacionais da Cdial Halal, Omar Chahine.
A certificação é fundamental não apenas para a exportação de cosméticos, mas para o consumo interno dos mais de 1,1 milhão de muçulmanos que vivem atualmente no Brasil.
“Pela lei islâmica, quando o país não conta com um determinado item Halal, é lícito que o muçulmano use produtos não certificados, desde que tenha o cuidado em analisar a origem. A certificação de uma empresa no país torna o uso obrigatório”, complementa.
A engenheira Juliane Debetio é uma delas. Convertida ao islamismo, busca mais informações sobre os cosméticos Halal para incorporá-los à sua rotina.
“Desde que me converti, tenho mais cuidado com o consumo de carne, por exemplo. No caso dos produtos cosméticos, sempre analisei o processo produtivo e marketing antes de adquirir. Mas fico muito feliz em saber que o Brasil está avançando em produtos Halal”, comenta.
Sintonia de valores – A empresária Adélia Mendonça, que dá nome ao grupo, explica que decidiu buscar a certificação durante uma viagem ao Oriente Médio. Ao conhecer as exigências e a filosofia por trás dela, solicitou à sua equipe que buscasse uma instituição certificadora no Brasil.
“A empresa foi criada com o conceito de pluralidade, de atender todos os tipos de pele e suas disfunções, e incluir as pessoas no mundo da beleza. Esses valores são muito coincidentes com a certificação”, pontua.
O processo de obtenção levou pouco mais de um ano e envolveu o envio de documentos, auditorias técnicas e religiosas, e adaptações de processos internos. Com isso, todos os produtos fabricados em sua planta industrial, com sede em Dores de Indaiá, foram certificados.
“Entendemos que não faria sentido alterar processos para certificar apenas alguns itens, então, tomamos o caminho mais difícil. Trocamos fornecedores para permitir a rastreabilidade exigida, alteramos algumas fórmulas e fornecemos todos os documentos solicitados. O resultado foi muito importante porque, além de uma certificação religiosa, o Halal é também uma enorme chancela de qualidade”, conclui a farmacêutica e responsável técnica do grupo, Joielle Mendonça.
Para mais informações sobre a certificação Halal do grupo Adélia Mendonça acesse: adeliamendonca.com.br/blog.