“Devemos continuar a construir o nosso país. Podemos discutir a forma como fazer isso no futuro, mas sabemos que temos a solução e que é preciso ouvir a opinião uns dos outros e dialogar”, disse Merkel, num discurso para assinalar a reunificação alemã em 1990.
“Temos as nossas diferenças, mas também temos coisas em comum. Devemos estar prontos a conhecer os outros (…) e a ter a capacidade de lidar com as diferenças”, afirmou a ainda chanceler, acrescentando que “essa é a lição de 31 anos de unidade alemã”.
Estas são as primeiras declarações de Merkel em relação ao resultado das eleições de domingo passado e à situação política atual. Foram feitas quando começam as negociações exploratórias entre partidos políticos para tentar formar um novo governo, um processo que se adivinha complicado.
Na sequência das legislativas, provavelmente será necessária uma aliança de três partidos com programas muito diferentes para formar a maioria, o que suscita receios de instabilidade política. A opção que é considerada atualmente a mais provável é uma coligação entre o Partido Social-Democrata (SPD), que conseguiu uma ligeira vantagem nas urnas, os ecologistas e o partido liberal (direita).
A força de centro-direita a que Merkel pertence, a União Democrata-Cristã (CDU), tenta paralelamente aliar-se também aos Verdes e aos liberais. Nesta intervenção, que pode ser o último grande discurso que faz antes de se afastar da política, a chanceler fez ainda um apelo à defesa da democracia.
“Às vezes damos por certas, com muita ligeireza, as aquisições democráticas, como se não houvesse mais nada a fazer” para as defender, apontou. “Mas, atualmente assistimos a um número crescente de ataques”, considerou, citando as agressões a minorias religiosas ou étnicas e também tentativas “demagógicas de espalhar sem escrúpulos nem vergonha o ódio e o ressentimento”.