A prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, anunciou, neste domingo (12/09), sua intenção de concorrer à presidência da França 2022, a mais recente de uma série de candidaturas para derrubar a “arrogância” do liberal Emmanuel Macron.
Sete meses antes das eleições, seu anúncio acelera a campanha lançada oficialmente neste domingo pela representante da extrema direita Marine Le Pen, rival de Macron no segundo turno de 2017, e que, segundo as pesquisas, pode voltar às urnas, sem sucesso.
“Humildemente (…) decidi ser candidata à presidência da República Francesa”, disse a franco-espanhola Hidalgo do porto fluvial de Rouen (noroeste) e cujas primeiras palavras foram dirigidas a seus pais, imigrantes espanhóis na França.
Em seu discurso de 20 minutos, ela atacou a presidência de Macron, que, em sua opinião, “dividiu como nunca antes” os franceses, “agravou” problemas sociais e “deu as costas à ecologia”, e pediu o fim da “arrogância” e do “desdém”.
Hidalgo, de 62 anos, escolheu Rouen para confirmar o que era um segredo aberto: sua intenção de ser a candidata do Partido Socialista (PS). Outros de seus membros, como o ex-ministro Stéphane Le Foll, também deram o passo.
Apesar de ter sido eleita para um segundo mandato em Paris, em meados de 2020, garantindo que não se candidataria à presidência, esta política nascida em San Fernando (sul da Espanha) disse na terça-feira em Montpellier (sul) que “nada” a impedia de concorrer.
Sua candidatura soma-se assim à longa lista de candidatos presidenciais de esquerda, ao lado do esquerdista Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), o ecologista Yannick Jadot, o comunista Fabien Roussel e o ex-socialista Arnaud Montebourg, entre outros. Mas a sete meses da votação, nenhum deles chegaria ao segundo turno. Hidalgo alcançaria entre 7% e 9%, de acordo com as pesquisas.
No entanto, Hidalgo, inspetora do trabalho de formação, que em recente entrevista ao Le Point se definiu como “social-democrata, ambientalista, feminista e republicana”, espera recuperar o terreno perdido do PS e atrair os desencantados com Macron e a política.
“Hidalgo sai de Paris”- Embora o PS ainda não tenha escolhido seu candidato, que deve sair de um voto interno de seus membros, Hidalgo aparece como a esperança dos socialistas, cujo candidato à presidência em 2017, Benoît Hamon, obteve 6,36% dos votos apesar de ser o partido no poder.
Com um programa baseado na justiça social e na ecologia, a socialista espera repetir o marco do conservador Jacques Chirac, que em 1995 conseguiu percorrer os três quilômetros que separam a prefeitura de Paris do Palácio do Eliseu.
Embora ainda não tenha revelado seu programa, a prefeita, famosa por sua cruzada contra os carros em Paris, revelou as linhas principais: “trabalho e transição ecológica”, “sem deixar ninguém para trás”, reiterou em entrevista ao canal público France 2.
Hidalgo terá que romper com sua imagem de política da capital e conquistar o resto do país, do campo às cidades médias. “Hidalgo sai de Paris”, era a manchete do jornal Le Journal du Dimanche, sublinhando sua estratégia para “adaptar sua imagem às províncias”, como se rodear de uma equipe de campanha composta por prefeitos.
A “rentrée” política na França acelerou a corrida presidencial, que, no entanto, ainda tem várias questões em aberto: Macron ainda não confirmou se será candidato e tanto os Republicanos (direita) quanto os ambientalistas devem escolher seus candidatos.