No primeiro aniversário da quinta reeleição de Alexander Lukashenko, marcada por denúncias de irregularidades, a Bielorrússia foi alvo, ontem, de severas medidas econômicas. Numa ação coordenada, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos adotaram restrições na área de exportação, que atingirão em cheio as finanças do país. Adotadas em resposta a afrontas a direitos humanos e fraudes eleitorais, as ações foram anunciadas no momento em que Lukashenko, no poder desde 1994, fazia um balanço do governo.
No 27º ano à frente do país, o líder bielorrusso se mostrou implacável com seus críticos, aos quais acusa de cumplicidade com o Ocidente para enfraquecer a Rússia. Ontem, ele rebateu as críticas da comunidade internacional, negou ser um ditador e afirmou que, ao sufocar as manifestações contra seu governo, evitou um golpe.
“O ano não foi fácil”, disse Lukashenko durante encontro anual com a imprensa e com autoridades de seu gabinete, apelidado de “grande debate”. Foi uma referência aos protestos que, em sua opinião, representavam “uma ameaça à unidade nacional”.
Mais uma vez, ele proclamou sua vitória em uma disputa que classificou como “totalmente transparente”.“Alguns (o governo) preparavam eleições justas e honestas, outros pediam a queda das autoridades, um golpe de Estado”, insistiu, em um discurso desordenado, no palácio presidencial na capital, Minsk.
A campanha eleitoral de 2020 testemunhou uma mobilização inesperada da sociedade bielorrussa em torno de uma candidata surpresa, Svetlana Tikanovskaya. Ela substituiu seu marido preso e conseguiu unir todas as correntes da oposição. Após a votação de 9 de agosto, porém, Lukashenko foi proclamado vencedor com mais de 80% dos votos.