A Casa Branca anunciou nesta segunda, 21, o envio de mais 14 milhões de doses de vacina contra covid-19 para o Brasil e outros países da América Latina. No início do mês, os EUA já haviam anunciado o envio de 6 milhões de doses para a região. Somados, os países têm mais de 438 milhões de habitantes.
O governo americano havia prometido 80 milhões de doses para outros países do mundo, mas inicialmente divulgou apenas o destino de 25 milhões de vacinas. Ontem, a Casa Branca divulgou a estratégia de compartilhamento dos 55 milhões restantes.
Novamente, o Brasil receberá as vacinas através do consórcio internacional Covax Facility. Os EUA distribuem as vacinas de duas formas: 75% são compartilhadas através do Covax, que faz a divisão por região geográfica, e 25% são enviadas diretamente pelo governo americano a países parceiros e locais onde se verifique uma crise maior de covid.
As vacinas a ser doadas são provenientes dos laboratórios Johnson & Johnson, Moderna e Pfizer. As doses da Oxford/AstraZeneca só serão compartilhadas após aval da FDA (agência reguladora de medicamentos e alimentos americana) – o que pode levar a uma terceira etapa de doação pelos EUA.
Nas duas rodadas de distribuição, o Brasil não entrou na lista dos países que receberão as vacinas diretamente dos EUA e está apenas entre os contemplados pela divisão através do Covax. Os americanos afirmam que levam em consideração o surgimento de novos focos do vírus no mundo para decidir a doação direta. Na prática, a Casa Branca tem usado a doação direta para beneficiar aliados e parceiros, além de tentar conter a influência da China.
O Brasil, apesar de ser considerado um dos epicentros mundiais do vírus, não entrou nessa categoria determinada pelos americanos. Diplomatas em Brasília e em Washington vinham pedindo acesso às doses à Casa Branca. O primeiro contato do governo brasileiro ocorreu em março, depois de outros países já terem acionado os americanos e a pressão pelo envio de doses a outros locais do mundo ganhar repercussão internacional.
Integrantes do Itamaraty consideram que a saída de Ernesto Araújo foi benéfica para a interlocução com os americanos, mas a escolha do destino das doses frustrou parte dos integrantes do governo. Vizinhos do Brasil, como Colômbia e Argentina, foram contemplados nas duas categorias de doação: via Covax e também no envio direto pela Casa Branca.
Desta vez, os EUA enviarão 41 milhões de doses pelo Covax, sendo 14 milhões para América Latina, 16 milhões para Ásia e 10 milhões para África.
No caso da América Latina, as doses serão divididas entre Brasil, Argentina, Colômbia, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Uruguai, Guatemala, El Salvador, Honduras, Haiti, República Dominicana, Panamá, Costa Rica e alguns países do Caribe.
Os americanos enviarão 14 milhões de doses diretamente para Colômbia, Argentina, Haiti, países do Caribe, República Dominicana, Panamá, Afeganistão, Bangladesh, Paquistão, Filipinas, Vietnã, Indonésia, África do Sul, Nigéria, Quênia, Gana, Cabo Verde, Egito, Jordânia, Iraque, Iêmen, Tunísia, Omã, Ucrânia, Kosovo, Geórgia, Moldávia, Bósnia e Palestina.
Os EUA compraram doses o suficiente para imunizar três vezes a própria população. Conforme a situação no país melhorou, com o avanço da vacinação, o governo do presidente Joe Biden passou a ser cobrado para compartilhar parte das vacinas com outros locais do mundo. Além dos 80 milhões de doses anunciados, os EUA se comprometeram a comprar 500 milhões de vacinas da Pfizer e doar para 92 países pobres até junho de 2022.
A iniciativa faz parte dos esforços democratas para responder às cobranças por ajuda robusta ao programa de imunização de países sem acesso à quantidade necessária de doses para suas populações. Apesar de volumosa, a compra está longe dos 11 bilhões de doses que a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima serem necessários para vacinar o mundo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.