O Peru é referência na culinária e quer dobrar o número de turistas nos próximos anos
Súsan Faria
Fotos: Eliane Loin
Conhecido pela fabulosa culinária e pelas maravilhas que a natureza lhe reservou, o Peru comemora sua data nacional nesta sexta-feira, dia 28 de julho, quando no ano de 1821 ficou independente da Espanha. Neste dia, o país estará com bandeiras tremulando, desfiles cívicos e em festa. Em Brasília, a comunidade peruana e os representantes do corpo diplomático participarão das comemorações antecipadas hoje (27), em evento fechado, na Embaixada do Peru.
Em entrevista exclusiva à Revista Embassy Brasília, o embaixador Vicente Rojas Escalante falou sobre a data nacional, a expectativa de aumento do turismo, a evolução da culinária, o II Festival Gastronômico Cultural em Brasília e as relações entre o Peru e o Brasil.
O embaixador Vicente Rojas destaca que em 2021 serão comemorados 200 anos da independência do Peru e que até esse ano espera que o número de turistas em seu país pule dos atuais 3,5 milhões de pessoas para 6 milhões. Explicou que 40% das pessoas que vão ao Peru têm como grande motivação a gastronomia, “um fator de desenvolvimento e de autoestima para os peruanos”. Lembra que o incremento no turismo traz melhorias econômicas, especialmente para os transportes, a rede hoteleira e de restaurantes, a venda de artes e artesanato e para as agências que montam passeios.
Na opinião do embaixador, a comida peruana – considerada hoje uma das cinco melhores do mundo – resulta da combinação de fatores culturais. “A origem é Inca, mas se somou à cozinha espanhola, francesa, dentre outras”, explica, ressaltando que a variedade climática, a extensa costa, o mar e as serras fazem do território peruano algo especial, com muitos produtos.
“Possuímos 4.500 variedades de batatas. Temos o Centro Internacional da Batata, com um banco de germoplasma”, destaca. O banco conserva as variedades de batatas, com sementes congeladas, a 20 graus centígrados abaixo de zero*. Outro fato importante para a qualidade e o avanço da gastronomia peruana – citado por Vicente Rojas – são os restaurantes e escolas fundadas pelo chef Gastón Acúrio, formado em Direito, filho de um político, conhecido mundialmente por ser um grande chef e implantar uma cozinha de referência. “O peruano vive orgulhoso da sua gastronomia”, comentou o embaixador.
Sobre o turismo, Vicente Rojas disse que o Peru possui muitos voos internos e regiões belíssimas como Machu Pichu, a cidade pré-colombiana perdida dos Incas, localizada no topo de uma montanha.
O lago Titicaca, na Cordilheira dos Andes; Arequipa, a cidade branca com construções em pedra vulcânica branca; Nazca, onde viveu uma civilização pré-Inca; Lima, a capital; Trujillo, com sua cultura mojica; Tumbes, com suas praias e bosques; Piúra, no Norte, na fronteira com o Equador; o deserto de Arenales, são outros tantos lugares exuberantes do Peru.
Cajón – Peruano da cidade de Amazonas, Vicente Rojas, além de dirigir a embaixada gosta de tocar cajón, instrumento típico afro peruano, incorporado ao flamenco pelo guitarrista espanhol Paco de Lucia. Antes de vir para o Brasil, o embaixador serviu no Equador onde todos os funcionários da Embaixada puderam aprender cajón e tocar em festas como a do Dia Nacional do Peru. Como menos de um ano no Brasil, Vicente Rojas não teve tempo suficiente para formar sua orquestra de cajoneros em Brasília, mas promete que todos tocarão no dia 28 de julho de 2018. Para este ano inovou: na festa do Dia Nacional, ao invés de apenas reproduzir mecanicamente o Hino Nacional do Peru e o Hino Nacional do Brasil, crianças brasilienses vão cantar os dois hinos, inclusive o peruano na língua espanhola.
Sobre o Peru, o embaixador entende que a chave para solucionar os problemas está na Educação. Preocupa-se com o acesso à água potável. Dos 32 milhões de habitantes do país, 8,5 milhões não têm esse acesso. “A expectativa é que em 2021, nos 200 anos de independência do Peru, todos peruanos tenham acesso à água potável”, disse. A respeito das relações comerciais entre o Brasil e Peru, o embaixador quer aproximação mais imediata nas áreas fronteiriças. “Temos 12.800 km de fronteira com o Brasil”, explicou. Na área cultural, a embaixada está trazendo obras do pintor Pedro Caballero para uma exposição no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, em setembro próximo.
FESTIVAL GASTRONÔMICO CULTURAL DO PERU SE REALIZA SÁBADO
A Embaixada do Peru promove pelo segundo ano consecutivo II Festival Gastronômico Cultural Dia Nacional, que será aberto ao público neste sábado, 29 de julho, das 10h às 18h, visando difundir as expressões culturais e a reconhecida gastronomia peruana. A expectativa é que cerca de 3.500 pessoas participem do festival, no pátio da Embaixada, cuja entrada será um kg de alimento não perecível. Na primeira edição, foram mais de 2500 pessoas, superando as expectativas.
Cinco restaurantes peruanos sediados em Brasília participarão do evento: Caribeño Casa Latina; El Point Peruano; Nikkei; Taypa Sabores del Peru; e Aji com Pimenta. A empresa WTBrazil Eventos montará um bar com variadas bebidas, feitas com os piscos (destilados de uva tipicamente peruanos) das marcas Quebranta e Acholado. O famoso Pisco Sauer e a Caipipisco, uma mistura de pisco com caipirinha, estarão no cardápio, todos a R$ 15,00 o copo.
Miguel Angelo Murillo, da WT Brazil Eventos, explicou que desta vez, a infraestrutura será maior para proporcionar comodidade de todo o público peruano, brasileiro e internacional, garantindo qualidade e oportunidade de disfrutar da culinária do Peru em Brasília. Para incentivar o turismo no Peru, serão sorteadas duas passagens aéreas de ida e volta de BSB – Lima (Avianca). Haverá apresentações artísticas e DJ ao vivo.
“Foi uma boa experiência no ano passado e agora será mais ambiciosa”, explicou o embaixador Vicente Rojas Escalante. Segundo ele, o evento comemora a Data Nacional do Peru, trazendo grandes chefs para apresentar a gastronomia – um recurso muito rico do país, uma cultura e uma espécie de resumo do sabor nacional. Vicente Rojas disse que hoje só em Lima existe 112 escolas de gastronomia e no ano 2000, existiam três restaurantes peruanos no Chile, em 2016 já eram 1.200. Em São Paulo, hoje são 27. Lembrou que em Lima, anualmente em setembro, se realiza um Festival Gastronômico que reúne 500 mil pessoas.
Durante apresentação do Festival Gastronômico Cultural em Brasília, no Hotel Gran Mercure, cada restaurante participante do evento apresentou alguns pratos típicos. O chef Andrés Negrón, 24 anos de idade, nascido em Ica, província de Chicha, há oito meses na Capital, apresentou o Ceviche e o Arroz com Pato, entre outros pratos, e disse que essa será uma oportunidade para que conheçam a culinária, a cultura e o calor da gente peruana, “amorosa e amigável”.
Já o restaurante Taypa apresentou o prato Wok com barriga de porco à pororoca, molho de laranja e rapadura, o Tiradito, salmão apimentado com batatas; o Ceviche Misto e Picarones, sobremesa típica, com abóbora e batata doce com erva doce e calda típica. O venezuelano Miguel Ojeda, chef do Nikkei, 35 anos, há sete em Brasília, introduziu um toque japonês na comida peruano em pratos como Lomo Saltado – filé mignon, batata e arroz.
Apresentou a sobremesa Tres Leches, com leite condensado, leite e creme de leite, merengue com limão e bolo molhado de baunilha. O preço de todos os pratos vão variar de R$ 15,00 a R$ 30,00.
SERVIÇO: II Festival Gastronômico Cultural – Dia Nacional Do Peru – dia 29/07, sábado, das 10h às 18h, Setor de Embaixadas Sul, Av. Das Nacoes Lote 43 Quadra 811. Telefone (61) 3242.9933. https://br.eventbu.com/brasilia/ii-festival-gastronomico-cultural-dia-nacional-do-peru/4761870