“Smart City” ou cidade inteligente é um conceito, cada vez mais estudado a nível internacional, que até agora tem dado prioridade às realidades urbanas com maior concentração populacional, mesmo em perspectiva. Tal conceito se refere ao ideal de uma cidade do futuro, tecnológica, mais sustentável, com uma gestão mais sábia dos recursos naturais, por definição, limitados. No entanto, o que é uma cidade inteligente? Seria uma entidade futurista, de ficção científica? Ou algo real, cuja experimentação está em andamento?
A resposta é que, mesmo que muitos de nós não o percebamos plenamente, a realização de cidades inteligentes é um processo que começou há algum tempo, com gradualidade, flexibilidade e atenção às realidades locais específicas. A Itália é um dos vários países onde a experimentação progride de maneira positiva em muitas cidades.
Uma cidade inteligente quer administrar os recursos de forma inteligente, maximizando o grau de uso e os custos relativos, com o objetivo de tornar-se economicamente sustentável e autossuficiente em termos de energia, atenta à qualidade de vida e às necessidades dos cidadãos, também em termos de maior segurança. Ela implica em investimentos nas tecnologias de ponta, com evidentes reflexos positivos na economia, no emprego e na formação de executivos e de trabalhadores qualificados e de vanguarda, com repercussões em toda a economia do país e em sua projeção internacional.
A pandemia da covid-19 iniciou uma fascinante reflexão sobre o conceito de cidade inteligente, metodologias de trabalho e deslocalização — tanto urbana quanto de trabalho. Carlo Ratti, professor do MIT em Boston, considerado um dos maiores especialistas mundiais no campo da inovação urbana, acredita que “a emergência sanitária tem exercido uma enorme pressão sobre as grandes cidades, onde se concentram as sedes das multinacionais e os centros financeiros”. Estamos diante de uma mudança nos equilíbrios geográficos e urbanos? Se essa for a tendência, Ratti acredita que poderia beneficiar centros urbanos de médio porte, bem conectados a outras cidades da região, onde os indivíduos poderiam viajar até a sede da empresa para a qual trabalham, parando alguns dias na semana ou para uma reunião, quando necessário.
O tema “cidades inteligentes” está na agenda do G20 — o fórum internacional que reúne as principais economias do mundo, das quais o Brasil é um membro de autoridade. A Cúpula dos Chefes de Estado e de Governo dos países pertencentes ao G20, do qual a Itália detém a presidência anual, será realizada em Roma, entre 30 e 31 de outubro.
Enquanto isso, três das mais importantes empresas italianas que investem e trabalham no Brasil — Enel/Enel X, Leonardo e TIM —, atuando na vanguarda mundial dos setores de energia, de conectividade e de segurança cibernética, assinaram um acordo, em 9 de junho, para oferecer soluções conjuntas para um modelo integrado de cidade inteligente, a ser adaptado às necessidades individuais das realidades às quais serão aplicadas. Cada empresa desenvolverá e oferecerá um conjunto de “e-cidade, e-casa, e-mobilidade, e-indústria” e serviços financeiros digitais, fortalecendo a proteção e a segurança de centros urbanos, casas e indústrias. Uma primeira experiência está em andamento no município de Maricá (RJ), com o objetivo de transformar a cidade em um “laboratório vivo”, utilizando tecnologias de ponta que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável da área.
O acordo de 9 de junho foi assinado na Embaixada da Itália, na presença do Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, e de outros representantes do governo, parlamentares e da administração pública, federais e estaduais. O Governador do Rio, Claudio Castro, também interviu. Ainda há um longo caminho a percorrer, com obstáculos no percurso. Também exige-se atualizações. Mas este rumo deve ser traçado com determinação, planejando o futuro das novas gerações, caso contrário, corremos o risco de ficar fora do negócio. O Brasil e a Itália têm muito a compartilhar e realizar juntos!