Isaura Daniel
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São Paulo – O Sudão está aberto a investimentos estrangeiros de países amigos como o Brasil. O encarregado de negócios da embaixada do Sudão em Brasília, o ministro plenipotenciário Mohammed Elrashed Sidahmed Mohammed (foto acima), esteve na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na capital paulista, nesta segunda-feira (10), e contou à ANBA da disposição de Sudão em receber investimentos de empresas brasileiras.
O Sudão passou a atrair a atenção do mundo como destino de investimentos estrangeiros desde que os Estados Unidos retiraram sanções econômicas sobre o país no ano passado. Na próxima segunda-feira, dia 17 de maio, a França promoverá uma conferência internacional para chamar países a apoiarem a transição sudanesa. Nela serão apresentadas oportunidades de investimentos no Sudão em função do potencial econômico pouco explorado do país.
Abdelaleim, Zoghbi, Elrashed, Chohfi e Mansour: reunião sobre Brasil-Sudão
Nos seus encontros, na capital paulista, Elrashed falou da conferência de Paris. Ela deve colocar em evidência no mundo o potencial do Sudão para investimentos. E o patamar dos investimentos é justamente para onde Elrashed gostaria de levar as relações Brasil-Sudão. Segundo o diplomata, o seu país precisa de investimentos em muitos setores, como energia, mineração, infraestrutura, rodovias, ferrovias, aeroportos, entre outros. “Estamos de portas abertas para todos os países amigos e o Brasil é um país muito amigo”, afirmou ele.
O diplomata sudanês afirma que as empesas brasileiras podem estabelecer negócios no país e fazer do Sudão um hub para os países da África. Ele afirma que há oportunidades em vários setores. Elrashed acredita na possibilidade de estabelecimento de projetos trilaterais no Sudão, com recursos de países árabes e conhecimento brasileiro. Segundo o diplomata, países como Emirados, Arábia Saudita e Kuwait estão prontos para investir no Sudão.
Na reunião na Câmara Árabe, o presidente da instituição, Osmar Chohfi, relembrou as boas relações dos dois países e a cooperação já desenvolvida em áreas como a agricultura. Ele disse a Elrashed que ele pode contar com a Câmara Árabe para desenvolver sua missão no Brasil. O diplomata sudanês está no cargo há quatro meses. Chohfi contou para Elrashed da estrutura atual da Câmara Árabe e de que há planos de estabelecer em breve escritórios em Brasília, onde ficam as embaixadas, além de em países árabes como Egito e a Arábia Saudita.
Será criado plano de trabalho conjunto
No encontro, o secretário-geral e CEO da Câmara Árabe, Tamer Mansour, apresentou um panorama do comércio Brasil-Sudão e setores para os quais pode avançar. O Brasil exporta ao Sudão principalmente açúcar e máquinas agrícolas, mas Mansour acredita que é possível vender ainda vacinas e medicamentos para animais, tecnologia para monitoramento de safra e criações, mais máquinas, cerâmicas, telhas de cerâmica, papel, papelão e celulose, além de cosméticos. As exportações brasileiras ao Sudão somaram US$ 26,8 milhões no ano passado.
O Sudão, por sua vez, vende ao mercado brasileiro basicamente plantas para perfumaria. Mansour acredita que o país tem condições de fornecer ao Brasil alumínio, cobre, goma arábica e tâmaras, além de mais plantas para perfumaria. As exportações sudanesas ao Brasil somaram menos de US$ 1 milhão no ano passado. O secretário-geral da Câmara Árabe também vê potencial para investimentos entre Brasil e Sudão.
A agenda do encarregado de negócios em São Paulo foi acompanhada pelo cônsul honorário do Sudão em São Paulo, Mohamed Zoghbi, e por Marco Abdelaleim, da Halal Service. A partir da reunião na Câmara Árabe, será desenvolvido um plano de trabalho para o avanço das relações econômicas entre o Brasil e o Sudão.
Conferência de Paris – O encontro promovido pela França na próxima semana terá autoridades como Abdallah Hamdok, primeiro-ministro do Sudão, Bruno Le Maire, ministro da Economia e Finanças da França, Geoffroy Roux de Bezieux, presidente da Movimento de Empresas Francesas, Vera Songwe, secretária-executiva da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África, e Hafez Ghanem, vice-presidente para a África Oriental e Austral do Banco Mundial. São esperados líderes de países dispostos a apoiar a transição sudanesa. Na conferência deve ser lançado um Fórum de Negócios.
Material informativo sobre o encontro diz que a transição política histórica no Sudão abriu novas perspectivas para o país, que vive uma série de reformas para restabelecer o seu lugar na comunidade internacional e conseguir crescimento sustentável. Para apoiar o crescimento econômico, o Sudão assinou acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que estão ajudando as autoridades locais na formulação de um novo arcabouço para governar as finanças públicas e o setor financeiro e melhorar o ambiente de negócios.