“Na noite de ontem (terça-feira)”, polícias de uma unidade especial “detiveram um oficial da marinha militar”, declararam as forças de segurança num comunicado. A operação, realizada sob supervisão da contraespionagem italiana e do estado-maior da Defesa, “visou um capitão-de-fragata da marinha militar e um oficial acreditado junto da embaixada da Federação Russa, ambos acusados de crimes graves relacionados com espionagem e segurança do Estado”, precisaram.
“A intervenção ocorreu na altura de um encontro clandestino entre os dois homens, surpreendidos em flagrante delito após a entrega de documentos confidenciais pelo oficial italiano em troca de dinheiro”, que, segundo vários media, ascende a 5.000 euros. O oficial russo não foi preso por estar protegido pelo seu estatuto diplomático, referindo o ‘site’ do jornal Corriere della Sera que será expulso do país.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros convocou hoje o embaixador da Rússia em Roma e comunicou-lhe a decisão de expulsar dois funcionários. “Transmitimos o firme protesto do governo italiano e notificámos da expulsão imediata de dois funcionários russos envolvidos neste gravíssimo caso”, durante o encontro com o embaixador, escreveu na rede social Facebook o chefe da diplomacia italiana, Luigi Di Maio.
Ignora-se se o oficialmente apanhado em flagrante delito faz parte dos funcionários expulsos. Em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a presidência russa “não dispõe de qualquer informação sobre as causas e circunstâncias” deste caso. “Esperamos que o caráter positivo e construtivo das relações russo-italianas (…) seja preservado”, adiantou.
Segundo a agência noticiosa italiana AGI, citando fontes judiciais, o oficial italiano terá dado ao seu interlocutor cópias de documentos militares sobre Itália, mas também a NATO, e a troca terá decorrido num parque de estacionamento da capital. O caso acontece num contexto de tensão de relações entre a Rússia e a Europa, nomeadamente devido à prisão do opositor Alexei Navalny e a vários outros casos de espionagem.
Moscovo acusa a União Europeia de ter uma posição “conflituosa” em relação a ela, enquanto a UE responsabiliza a Rússia pela degradação das relações, exortando-a a um “progresso sustentado” em relação aos direitos humanos, assim como “à cessação dos ciberataques” contra os seus Estados membros.