“Queremos que nossas economias possam participar ainda mais das novas cadeias de valor regionais, principalmente neste momento, em que precisamos urgentemente superar os grandes prejuízos causados pela pandemia”, disse Bolsonaro, num discurso transmitido pela Internet, durante a reunião que marcou o 30.º aniversário do bloco sul-americano.
Jair Bolsonaro falou depois de o Presidente argentino, Alberto Fernández, inaugurar a cerimónia em Buenos Aires, num ato que contou também com a participação do Presidente do Paraguai, Miguel Abdo Benítez, e do Uruguai, Luis Lacalle Pou.
Participaram também os Presidentes do Chile, Sebastián Piñera, país associado ao bloco, e da Bolívia, Luis Arce, também associado, mas em processo de adesão como membro. Fernández, na abertura da cerimónia, fez referência ao facto de o Mercosul viver “tempos complexos” devido à pandemia de covid-19.
Já Bolsonaro defendeu, no seu discurso, uma “modernização” do Mercosul através da “atualização das tarifas externas”.O Presidente brasileiro também destacou que há “um grande espaço para se poder aprofundar ainda mais o regionalismo” nos setores que estão à margem do comércio internacional e pediu para “transpor as brechas” existentes em setores como o automóvel e açucareiro, alinhando as atuais regulamentações “para melhores práticas e padrões internacionais”.
Bolsonaro referiu-se em diversas ocasiões à conceção original do Tratado de Assunção, que fundou o Mercosul em 1991, sublinhando que as premissas de “liberdade política e económica” dos países membros do bloco devem ser respeitadas.
“Temos que dar o exemplo com resultados concretos, com emprego e renda [rendimento] para os nossos cidadãos, com apoio para as nossas empresas e com mercadorias de menor valor e melhor qualidade à disposição de todos os consumidores”, disse Bolsonaro, para quem é preciso “melhorar as regras que valorizam o ambiente de negócios “.
Para conseguir essa modernização do Mercosul, o Presidente brasileiro defendeu que os países possam negociar livremente seus próprios acordos comerciais, já que as diferenças de natureza política ou económicas entre os membros do bloco “não devem afetar o andamento do projeto de integração”.
“Entendemos que a regra do consenso não pode se transformar em instrumento de veto ou freio permanente. O princípio da flexibilidade está inscrito no próprio Tratado de Assunção. O Brasil quer contar com o apoio dos demais integrantes do bloco para continuar ampliando a rede de negociações comerciais extra-regionais”, concluiu.