Os trinta chanceleres da OTAN reúnem-se, portanto, nesta terça-feira, 23 de março, em Bruxelas, tendo pela primeira vez entre eles Antony Blinken, o novo secretário de Estado norte-americano de Joe Biden.
Fortalecer a OTAN, reconstruir alianças, iniciar um novo capítulo nas relações transatlânticas: a atmosfera era quase eufórica na sede do Tratado do Atlântico Norte diante do novo secretário de Estado norte-americano de Joe Biden, Antony Blinken.
Mas o ministro das Relações Exteriores de Biden, acima de tudo, teve de tranquilizar seus colegas sobre as intenções dos Estados Unidos em relação ao Afeganistão; muitos países aliados estão preocupados que a decisão de Donald Trump de retirar as tropas dos EUA em 1º de maio de 2021 ainda não tenha sido formalmente enterrada por Washington.
“Viemos juntos [ao Afeganistão]”, disse Blinken, “nos adaptamos e quando chegar a hora certa, partiremos juntos. Independentemente das decisões táticas, estamos unidos aos nossos aliados da OTAN para buscar um fim responsável para este conflito e para retirar nossas tropas da zona de perigo”, declarou.
“Nunca mais um refúgio para terroristas”- “Estamos coletivamente determinados a garantir que o Afeganistão nunca mais se torne um porto seguro para terroristas que possam ameaçar os Estados Unidos ou nossos aliados. E estamos conduzindo nossas consultas sobre o caminho a seguir para o Afeganistão como uma Aliança”, concluiu o Secretário de Estado dos EUA, em sua primeira visita à OTAN. Ainda que o desejo de todos os presentes na reunião seja renovar essa ligação transatlântica, Anthony Blinken também se viu perante uma OTAN dilacerada, em particular quanto à atitude a adoptar em relação à Turquia e à sua aproximação com a Rússia.
Essa é a primeira viagem do chefe da diplomacia norte-americana à Europa, interpretada como um sinal de reaproximação após anos tumultuados sob a era Trump. O mesmo Trump que frequentemente utilizou, segundo o pesquisador e cientista politico Guy Vinet, o Tratado do Atlântico Norte mais como um instrumento de pressão sobre os seus parceiros europeus do que como um verdadeiro quadro de cooperação: “O problema é que a administração anterior também se orientava para uma certa forma de clientelismo, pode-se dizer. Eles estavam determinados a diminuir o pessoal militar norte-americano na Alemanha porque não gostavam da política comercial alemã”, afirmou.
“Mas, por outro lado”, continua Guy Vinet, “eles estavam inclinados a deslocar outros efetivos militares em outros países, como a Polônia ou os países bálticos, porque estes tinham uma política econômica ou orçamentária que lhes convinha”, analisou.