O Papa Francisco defendeu hoje o diálogo em vez da repressão em Myanmar (antiga Birmânia) após o golpe militar no país e apelou à libertação de todos os políticos detidos.
“Ainda recebo notícias tristes de Myanmar de confrontos sangrentos com perda de vidas humanas. Desejo chamar a atenção das autoridades envolvidas para que o diálogo prevaleça sobre a repressão e a harmonia sobre a discórdia”, disse o Papa após a audiência geral sem a presença de fiéis.
Fez ainda “um apelo à comunidade internacional para que as aspirações do povo birmanês não sejam abafadas pela violência e para que os jovens desta amada terra tenham esperança e um futuro”, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.
Tal como aconteceu na audiência que concedeu no início do ano ao corpo diplomático creditado junto da Santa Sé, Francisco expressou o desejo de que “se possa regressar ao caminho para a democracia percorrido nos últimos anos por Myanmar com o gesto concreto da libertação dos vários líderes políticos presos”.
A 01 de fevereiro, o exército birmanês liderado pelo general Min Aung Hlaing depôs o Governo democrático de Aung San Suu Kyi, que foi detida. Desde então têm ocorrido manifestações populares contra o golpe de Estado, reprimidas com violência pelos militares. Só no domingo 20 pessoas foram mortas, a maioria alvejada pela polícia.
Os manifestantes exigem que o exército, que governou o país com mão de ferro de 1962 a 2011, restaure a democracia, reconheça os resultados das eleições de novembro e liberte todos aqueles que foram detidos. De acordo com os últimos números da Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP) em Myanmar, o seu número ascenderá a cerca de um milhar. Francisco visitou Myanmar em novembro de 2017 e expressou a sua proximidade à minoria muçulmana rohingya perseguida no país.