Em todo o mundo, o Dia Mundial do Refugiado, comemorado hoje (20/06), é ocasião oportuna para celebrar a força, a coragem e a perseverança das pessoas que foram forçadas a deixar suas casas e seus países por causa de guerras, perseguições e violações de direitos humanos. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) o número de pessoas que foram forçadas a abandonar as suas casas atingiu um valor recorde em 2016, com 65,6 milhões de deslocados internos e refugiados. São trezentas mil a mais em relação ao ano passado. No planeta, um em cada 113 pessoas está afastada de seu local de origem por causa de guerras e perseguições.
De acordo com os dados do Acnur, são 22 milhões e 500 mil de refugiados em todo o mundo, a soma mais elevada registrada até agora. As locomoções dentro do próprio país subiram para 40 milhões e 300 mil, o número global de requerentes de asilo foi de 2 milhões e 800 mil. Os sem nacionalidade ou apátridas são cerca de 10 milhões de pessoas.
No Brasil, segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados , CONARE, vivem atualmente no território brasileiro cerca de 10 mil pessoas reconhecidas como refugiadas, com 80 diferentes nacionalidades, sendo a maioria proveniente da Síria, Colômbia e República Democrática do Congo. Existem atualmente 35.464 pedidos de asilo. O governo brasileiro já concedeu refúgio a mais de 2.200 cidadãos sírios.
A Alemanha e os EUA são os países que mais recebem pedidos (solicitações de asilo), seguidos da Itália e Turquia. Entretanto, são os países em desenvolvimento que mais abrigam refugiados, entre eles o Paquistão, o Líbano, o Irã e o Brasil, nesta ordem. As nações de origem que têm mais expatriado são Síria (5,5 milhões), Afeganistão (2,5 milhões), Sudão do Sul (1,4 milhão) e Somália (1 milhão).
Esperança – Apesar desses dados alarmantes, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que os refugiados jamais deixam de sonhar com uma vida melhor para seus filhos ou ter vontade de melhorar o mundo. Segundo ele, as histórias dessas pessoas são de partir o coração, incluem dificuldades, separação e morte. “Eles pedem muito pouco em troca, querem apenas o apoio da comunidade internacional neste momento de maior necessidade e também solidariedade”, disse Guterres.
Para o secretário-geral, “é inspirador ver que os países que têm menos recursos são os que mais ajudam os refugiados”. Ele pediu para que todos reflitam sobre a coragem das pessoas que são obrigadas a fugir e pediu a compaixão de todos os que os acolhem. Guterres afirmou querer restabelecer a integridade do regime internacional de proteção ao imigrante e pediu a todos para que trabalhem juntos a fim de dar a cada uma dessas pessoas a chance de construir um futuro melhor.
Eventos – As celebrações pelo Dia Mundial do Refugiado movimentaram Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Música, arte, cinema, gastronomia e seminários integraram programação nas três cidades. Na capital, no dia 17 de junho, foi montado o MigrArte, um espaço criativo de artesanato e um de gastronomia, onde migrantes e refugiados expuseram seus produto. O evento foi no Museu Nacional da Repíblica onde houve ainda apresentações musicais.
Já em São Paulo, ontem (19/06) aconteceu o 1º Encontro Estadual de Migração e Refúgio, promovido pela Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania e com a participação do ACNUR, parceiros, refugiados e migrantes. Durante o evento, foi lançado o relatório “Tendências Globais – Deslocamentos Forçados em 2016”, publicação anual do ACNUR com dados mais recentes sobre o impacto humanitário de guerras e conflitos em todo o mundo. O encontro foi no auditório da secretaria.
No Rio de Janeiro, as atividades foram no Palácio do Itamaraty, onde o relatório da ACNUR também foi apresentado. Houve também, com a participação de refugiados, uma roda de conversa sobre suas experiências no Brasil.