Nada al-Nashif pediu à comunidade internacional que as sanções tomadas pela comunidade internacional sejam “direcionadas”. “Os líderes deste golpe são um alvo apropriado para tais ações”, sublinhou Nada al-Nashif, durante uma sessão extraordinária do Conselho de Direitos Humanos (CDH) sobre Myanmar solicitada por países europeus.
A alta comissária adjunta disse que a ONU “está a acompanhar de perto a situação de mais de 350 políticos, funcionários do Estado, ativistas e membros da sociedade civil, incluindo jornalistas, monges e estudantes, que foram levados sob custódia”.
“O mundo inteiro está a assistir”, acrescentou a adjunta da alta comissária para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, considerando “inaceitável” o uso de violência contra os manifestantes.
A alta comissária adjunta lamentou as “medidas draconianas tomadas esta semana para impedir as manifestações pacíficas e dificultar a liberdade de expressão”, bem como o fortalecimento da presença da polícia e militares nas ruas.
“É de suma importância que nenhum dano seja infligido às pessoas mais vulneráveis do país e que a ajuda na luta contra a pandemia possa continuar, assim como a ajuda humanitária em áreas de conflito” do país, insistiu.
No final das discussões no CDH, os países devem votar um projeto de resolução, proposto pela União Europeia (UE) e pelo Reino Unido, condenando o golpe militar em Myanmar e pedindo a libertação da líder Aung San Suu Kyi e o restabelecimento do Governo civil.
Finalmente, o projeto de resolução pede ao relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos em Myanmar que avalie a situação e vá àquele país com urgência.No entanto, é uma possibilidade remota que a junta militar no poder aceite tal visita.
“Lamentamos que a presença do nosso Escritório tenha sido negada por muito tempo em Myanmar e instamos as autoridades militares a conceder ao Escritório da Alta Comissária e ao relator especial sobre a situação dos Direitos Humanos em Myanmar acesso ilimitado e imediato”, disse Nada al-Nashif diante do Conselho.
Em Genebra, alguns diplomatas esperam que a resolução possa ser adotada por consenso, mas nada é certo. A posição da China e da Rússia, apoiantes tradicionais do exército birmanês nas Nações Unidas, será examinada de perto.
O líder do golpe militar, general Min Aung Hlaing, aproveitou hoje o feriado do Dia da União para convidar as pessoas a trabalharem com os militares para conquistarem a democracia, um pedido que provavelmente será recebido com escárnio pelos manifestantes que estão a pressionar pela libertação dos líderes eleitos.
“Eu exorto seriamente a toda a nação a dar as mãos ao ‘Tatmadaw’ para a realização bem-sucedida da democracia”, disse o general, usando o termo local para os militares. “As lições históricas ensinaram-nos que somente a unidade nacional pode garantir a não desintegração da União e a perpetuação da soberania”, acrescentou Min Aung Hlaing.
A 01 de fevereiro, o exército prendeu a chefe do Governo civil birmanês, Aung San Suu Kyi, o Presidente Win Myint e vários ministros e dirigentes do partido governamental, proclamando o estado de emergência e colocando no poder um grupo de generais.
Desde então, têm ocorrido sucessivos protestos em várias cidades de Myanmar e a tensão nas ruas tem vindo a aumentar. As forças policiais têm recorrido frequentemente a canhões de água e outros métodos para dispersar os manifestantes.