Bruxelas, 10 Fev 2021 (AFP) – Em um discurso tenso no Parlamento Europeu, Von der Leyen admitiu problemas e afirmou que sua equipe aprendeu as lições necessárias, mas defendeu com veemência a estratégia de centralizar em seu gabinete a ação dos 27 países para enfrentar a pandemia de coronavírus.
Na visão da política alemã, o problema central da estratégia foi subestimar a complexidade da produção de centenas de milhões de doses de vacinas novas em um prazo tão curto. Ela destacou que a indústria não conseguiu estar à altura da evolução da ciência. “Em linhas gerais, subestimamos as dificuldades da produção em massa. Normalmente, leva de cinco a dez anos para produzir uma nova vacina. E fizemos isto em 10 meses (…) Mas de certa forma, a ciência superou a indústria”, disse Von der Leyen no Parlamento Europeu.
Depois do desenvolvimento das vacinas, “a indústria deve adaptar-se ao ritmo da ciência (…). Precisamos de uma coordenação mais profunda sobre os componentes essenciais e melhorar as capacidades de produção na escala necessária”, disse. Um dos ‘gargalos’ de todo o processo observou, “diz respeito às moléculas sintéticas”.
De acordo com Von der Leyen (médica com especialização em epidemiologia), as vacinas para conter a pandemia de coronavírus “contêm até 400 componentes, e a produção envolve até cem empresas, e é por isto que criamos um grupo para aumentar a produção industrial das vacinas”.O grupo especial será coordenado pelo comissário europeu para o Mercado Interno, o francês Thierry Breton.
Defesa da estratégia – Em seu primeiro discurso em público sobre a situação, Von der Leyen declarou que a Comissão cometeu erros ao adquirir vacinas em nome de todos os países da UE, mas defendeu a estratégia geral. “Demoramos na autorização (de vacinas). Fomos muito otimistas no que diz respeito à produção em massa. E talvez tivéssemos muita certeza de que o que pedimos seria entregue a tempo”, expressou.
Porém, permitir que os países mais ricos da Europa assumissem as vacinas e deixassem os países menores de lado “teria sido, acredito, o fim de nossa comunidade”, disse. Von der Leyen e a direção da UE estão sob forte pressão pelas dificuldades encontradas para abastecer com vacinas os países do bloco, assim como pela falta de transparência sobre os contratos. Em 2020, a Comissão estabeleceu que negociaria em nome dos 27 países integrantes da UE com os laboratórios farmacêuticos. Com a prerrogativa, assinou contratos de pré-compra para 2,3 bilhões de doses.