Bruna Garcia Fonseca
bruna.garcia@anba.com.br
São Paulo – Receitas elaboradas por pessoas refugiadas da Síria, Colômbia e Venezuela estão reunidas no e-book gratuito “Prato do Mundo”, lançado em dezembro para marcar os 70 anos de atividades do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
A introdução do livro ressalta a importância da gastronomia para o resgate da história, de valores e de memórias afetivas de cada país ou região. “A culinária é, portanto, uma valiosa e deliciosa porta de entrada para outras culturas. Esses laços entre uma pessoa e sua terra de origem se fortalecem quando elas são separadas, especialmente quando essa separação é forçada – como é o caso dos refugiados, que precisaram deixar suas casas para escapar de guerras, conflitos, violência e perseguições”, diz o texto.
Ao todo, são sete receitas de pratos originários desses países, doces e salgados, como patacones colombianos e torta negra venezuelana. Abobrinha recheada e charutos de folha de uva, pratos típicos árabes, no livro são feitos pelas mãos de sírios que chegaram ao Brasil em situação de refúgio e hoje têm negócios no setor de gastronomia em São Paulo.
Antes de cada receita, o livro traz a história de seus cozinheiros, como a dos sírios Omar e Kenanh Suleibi, que vendem comidas sírias por encomenda (Limar Comida Árabe) e chegaram ao Brasil em 2014 sem falar uma palavra em português. Limar é o nome da filha de Omar. O casal apresenta a receita da abobrinha recheada no livro e traz uma passagem da infância de Omar comendo abobrinhas na casa de sua avó.
Muna Darweesh também veio da Síria para São Paulo sem falar português. Ela começou vendendo doces árabes e hoje vende diversos pratos árabes para eventos (Muna Sabores & Memórias Árabes). No livro, Muna dá a receita de charutos de folha de uva e diz que esse é um prato que não faltava em qualquer festa na Síria.
Resgatar as origens por meio da gastronomia é uma forma que muitas pessoas em situação de refúgio encontram para recomeçar, e além de fortalecer memórias, oferecer pratos típicos à comunidade pode ser também uma fonte de renda e de autonomia. A culinária tem sido um dos pilares de inserção no mercado de trabalho da população refugiada no Brasil.
“Um prato típico de um país ou região guarda dentro de si, anos de história, descobertas, valores e memórias afetivas”, disse em comunicado o representante da Acnur no Brasil, Jose Egas. “A culinária é uma valiosa e deliciosa porta de entrada para outras culturas. Para muitas dessas pessoas que deixaram tudo para trás, para escapar de guerras, conflitos, violência e perseguições, a gastronomia, além de ser um elo importante com suas culturas e com a própria história de vida, é uma fonte de renda e de autonomia”, acrescentou.
Para baixar o e-book, entre no site Prato do Mundo.