Na última coletiva de imprensa do ano, o chefe do Programa de Emergências da Organização Mundial de Saúde, OMS, Mike Ryan (foto), disse que “a próxima pandemia pode ser mais severa” e acrescentou que é necessário “agir junto” porque vivemos num planeta frágil e numa sociedade cada vez mais complexa. “Honremos aqueles que perdemos ao fazer melhor o que fazemos”, afirmou.
A líder técnica da COVID-19 na OMS, Maria van Kerkhove, lembrou que alguns países que lidaram melhor com a pandemia não são necessariamente os de maior renda, mas aqueles que já passaram por surtos de doenças infecciosas.Nestes países, ela disse, foi usada a memória de eventos traumáticos para colocar os sistemas em ação e agir de maneira abrangente para combater o vírus.
Os dois servidores da OMS pediram que o mundo esteja melhor preparado para a próxima crise sanitária, com trabalhadores em saúde mais bem informados e treinados para conseguir fazer uso completo de tecnologia inovadora e cidadãos engajados, capazes de se manter em segurança.
Os técnicos alertaram que talvez seja prematuro imaginar um mundo onde a COVID-19 seja erradicada. O professor David Heymann, palestrante convidado na coletiva e especialista na doença, integrante do “time de surto” da OMS montado para fortalecer a resposta da COVID-19 na África do Sul neste ano, disse que existem ferramentas para salvar vidas, permitindo aprender a viver com o vírus.Mike Ryan concordou que a COVID-19 deve se tornar endêmica na população global. Ele explicou que as vacinações não garantem que as doenças infecciosas serão erradicadas.
Testagem
O chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, informou aos jornalistas que a agência da ONU está aprendendo coisas novas sobre o vírus todos os dias, incluindo a habilidade de novas variantes se espalharem, adoecendo as pessoas, ou tendo um potencial impacto nos testes, tratamentos e vacinas disponíveis.
Ele escolheu o trabalho em curso no Reino Unido e na África do Sul, onde os cientistas estão conduzindo estudos epidemiológicos e laboratoriais, que irão guiar os próximos passos da agência.”Apenas se os países estiverem testando efetivamente você será capaz de identificar variantes e ajustar estratégias para lidar com elas”, afirmou o chefe da OMS.
“Devemos garantir que países não sejam punidos por compartilhar novas descobertas científicas com transparência”.
Agradecendo aos muitos parceiros com quem a OMS tem trabalhado neste ano, Tedros olhou para 2021 e defendeu a distribuição justa e igualitária de tratamentos e vacinas descobertos no ano passada.