O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman (D) dando as boas-vindas ao Emir do Catar Tamim bin Hamad Al-Thani (E) em sua chegada à cidade de al-Ula, no noroeste da Arábia Saudita Arábia para a 41ª cúpula do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC). – (crédito: BANDAR AL-JALOUD / Palácio Real Saudita / AFP)
Os líderes dos países do Golfo se reúnem em uma cúpula na Arábia Saudita nesta terça-feira (5/01), um evento que aumenta a esperança de avanços na crise com o Catar, um dia depois de Riade anunciar a reabertura de suas fronteiras com Doha.
Há três anos, o Catar sofre um boicote de seus vizinhos.
Em junho de 2017, a Arábia Saudita e três países aliados (Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito) romperam os laços com Doha, acusando-a de apoiar grupos islâmicos, de manter boas relações com seus adversários iranianos e turcos e de semear desordem na região.Sempre negando todas as acusações, os catarianos dizem ser vítimas de um “bloqueio” e de um ataque à sua soberania.
Depois de três anos e meio de boicote e de mensagens hostis pela imprensa, o Kuwait, mediador do Golfo, revelou na segunda-feira (4/01) à noite que a Arábia Saudita, peso-pesado da região e primeiro exportador mundial de petróleo, aceitou reabrir todas as suas fronteiras e seu espaço aéreo para o Catar.
O Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), que se reúne nesta terça-feira, nasceu há 40 anos com a ambição de aproximar seus membros política, econômica e militarmente. Fazem parte do grupo Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Catar, Omã e Kuwait.
Símbolo da reaproximação atual, o emir o Catar, xeque Tamim bin Hamad Al Thani, chegou hoje a Al Ula, no noroeste da Arábia Saudita, para participar de sua primeira cúpula do CCG desde 2017.
O líder do emirado do gás foi recebido com um abraço pelo príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, na pista do aeroporto, segundo imagens do canal de televisão estatal saudita Al Ekhbariya.
“Recomeço”
O quarteto havia formulado 13 condições para a retomada das relações com Doha, em particular o fechamento da rede de televisão Al-Jazeera, desprezada por muitos regimes árabes, e compromissos de pôr fim ao financiamento de grupos extremistas, ou ainda o fechamento de uma base militar turca no Qatar. Doha não cedeu a nenhum desses pedidos.
Diplomatas, observadores e alguns artigos na imprensa sugeriram que nenhum desses temas de controvérsia será abordado durante a cúpula, o que parece afastar, por enquanto, a perspectiva de uma resolução geral da disputa.
A reaproximação parece começar com a Arábia Saudita e com o Catar, mas “os outros se juntarão, ainda que mais tarde”, afirma Bader al Saif, professor associado de História, da Universidade do Kuwait.
Nesse contexto, os Estados Unidos intensificaram a pressão sobre todos os seus sócios do Golfo para que se resolva a crise com o Catar. O objetivo de Washington é isolar ainda mais o Irã, a poucos dias do fim do governo Donald Trump.
Seu genro e assessor, Jared Kushner, viajou para a região, em busca de um acordo, e acompanhará pessoalmente este “avanço”, informou uma autoridade americana na segunda-feira.
“Sem lugar para dúvida, a administração Trump reivindicará isso como outra vitória”, comentou Tobias Borck, do “think tank” Royal United Services Institute, lembrando, porém, que os rivais do Golfo ainda não normalizaram suas relações.