O primeiro pensamento do pontífice foi direcionado às pessoas mais frágeis, doentes, desempregados e aqueles que enfrentam dificuldades pelas consequências econômicas da pandemia.
O religioso também citou “as mulheres que nestes meses de confinamento sofreram violências domésticas” e apelou aos governantes para que a todos tenham garantido o acesso às vacinas contra a Covid-19.
“No Natal, celebramos a luz de Cristo que vem hoje ao mundo e Ele vem para todos: não só para alguns. Hoje, neste tempo de escuridão e incertezas pela pandemia, aparecem várias luzes de esperança, como a descoberta das vacinas.”
Desta vez, Francisco não falou da sacada da Basílica de São Pedro, já que poucas pessoas podem circular pelo local devido ao lockdown decretado pelo governo italiano. A bênção foi antecedida de uma mensagem em que o Pontífice desejou votos de Feliz Natal para todos os países e regiões que “vivem períodos conturbados”.
“O nascimento é sempre fonte de esperança, é vida que desabrocha, é promessa de futuro. E este Menino – Jesus – nasceu para nós: um nós sem fronteiras, sem privilégios nem exclusões,” disse. Nós que somos “de continentes diversos, de qualquer língua e cultura, com as nossas identidades e diferenças, mas todos irmãos e irmãs”, acrescentou.
Esperança para apaziguar conflitos
No momento em que muitos países sofrem as consequências da pandemia e os desequilíbrios do aquecimento global se tornam mais evidentes, o Papa considera a fraternidade como um valor mais necessário do que nunca.
Ele ainda fez um apelo em prol de tantas crianças que sofrem, em todo o mundo, mas especialmente na Síria, Iraque e Iêmen, e que pagam o preço alto da guerra. “Que os rostos delas abalem a consciência dos homens de boa vontade, para que sejam enfrentadas as causas dos conflitos e para que nos esforcemos com coragem para construir um futuro de paz”, acrescentou.
O papa também dirigiu um pensamento especial aos habitantes da região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, vítimas do terrorismo internacional. Sudão do Sul, Nigéria e Camarões também foram exortados a continuarem pelo caminho da fraternidade e do diálogo.
O papa não esqueceu os males de muitos países africanos, por exemplo, evocando Burkina Faso, Mali, Níger ou Etiópia. Ele fez uma menção particular aos habitantes da região de Cabo Delgado, em Moçambique, “vítimas da violência do terrorismo internacional”, antes de exortar os dirigentes do Sudão do Sul, Nigéria e Camarões a prosseguirem o diálogo empreendido.
“Neste dia de festa, dirijo uma saudação particular a todas as pessoas que não se deixam subjugar pelas circunstâncias adversas, mas esforçam-se por levar esperança, consolação e ajuda, socorrendo quem sofre e acompanhando quem está sozinho”, afirmou.
Diminuir a tensão no Oriente Médio
Francisco expressou a esperança de que o Natal “seja propício para diminuir as tensões em todo o mundo, mas especialmente no Oriente Médio e no Mediterrâneo Oriental. O papa citou as “feridas do querido povo sírio, que há dez anos está exausto pela guerra e suas consequências, agravadas pela pandemia”.
“Que israelenses e palestinos possam reconquistar a confiança mútua para buscar uma paz justa e duradoura por meio de um diálogo direto capaz de superar a violência”, desejou o Papa.
O pontífice ainda implorou por “paz para a Líbia”, dentro da estrutura das negociações em andamento, além de encorajar a comunidade internacional a apoiar o povo libanês, segundo ele em grande dificuldade.
Francisco expressou seu apoio ao “compromisso da comunidade internacional e dos países interessados em continuar o cessar-fogo em Nagorno-Karabakh, como também nas regiões orientais da Ucrânia”.
O argentino Jorge Bergoglio não deixou de mencionar “o continente americano, particularmente afetado pelo coronavírus, que tem exacerbado os muitos sofrimentos que o oprimem, muitas vezes agravados pelas consequências da corrupção e do narcotráfico”.Francisco citou o Chile, para que supere as recentes tensões sociais, e a Venezuela, para que ponha fim ao sofrimento.
Sua visão geral planetária também cobriu os desastres naturais do sudeste da Ásia, em particular nas Filipinas e no Vietnã. “Pensando na Ásia, não posso esquecer o povo Rohingya”, acrescentou Francisco ao citar a minoria muçulmana perseguida em Mianmar, que ele conheceu durante uma viagem a Bangladesh.
Por fim, o último pensamento do Papa foi direcionado às famílias que hoje não podem se reunir. “Para todos, seja o Natal a ocasião propícia para redescobrirem a família como berço de vida e de fé. Feliz Natal para todos!”, encerrou.