SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Celebrado em uma noite de sábado, no dia 12 de dezembro de 2015, o Acordo de Paris já nasceu como um sucesso diplomático, com recorde de assinaturas dos países no mesmo dia e entrada em vigor menos de um ano depois.
Com metas de longo prazo para conter as emissões de gases-estufa, o tratado sinaliza a transição de investimentos para uma economia menos dependente de emissões de carbono e outros causadores do aquecimento global.
No entanto, de lá para cá, o otimismo diante do maior esforço global pelo clima foi transformado em suspense por conta da ascensão de líderes de direita ligados a movimentos que negam as mudanças climáticas, especialmente em países-chave para a agenda climática: os Estados Unidos, maior emissor histórico de gases-estufa, e o Brasil, dono da maior floresta tropical do mundo.
Marcados pelas eleições dos presidentes Trump e Bolsonaro, os cinco anos do Acordo de Paris têm como marca a resiliência política do acordo, reafirmado nesse período por lideranças na Europa e na China. Também segue sendo incorporado a acordos comerciais, como é o caso do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, cuja votação pelo Parlamento Europeu depende justamente de esclarecimentos sobre o cumprimento ao acordo climático, que deve implicar em redução do desmatamento na Amazônia.
“Estamos dizendo aos países da América do Sul e da África: não vamos continuar comprando os mesmos produtos que consumimos no passado. Há uma mudança de padrão”, disse à reportagem Yvon Slingenberg, diretora de ação climática da Comissão Europeia.
“Sem comentar sobre a política ambiental brasileira, vemos com preocupação que o setor florestal, que é chave para a redução das emissões no Brasil, não aparece na nova meta [do Acordo de Paris, divulgada nesta semana pelo governo Bolsonaro]”, acrescentou, criticando também o fato de o prazo brasileiro para atingir a neutralidade de carbono estar condicionado à implementação de um mercado de carbono. O Brasil tem barrado esse item nas negociações da ONU.