Súsan Faria
Fotos: Eliane Loin
No dia 28 de Maio de 1991, caia o regime militar de Derge, derrotado pela Frente Democrática Revolucionária do Povo da Etiópia, após vários anos de conflito. Desde então, há 26 anos, comemora-se nesse dia a Data Nacional da Etiópia. Em Brasília, a festa foi realizada no dia 29 deste mês, no Espaço Porto Vitória, com a presença de embaixadores e de representantes do corpo diplomático, especialmente da dos países africanos.
“A vitória de 28 de Maio e as atividades subsequentes em nível regional e federal moveram o país de um estágio e retrocesso e conflito para paz e estabilidade, para uma nova era de desenvolvimento pacífico e democracia”, afirmou a embaixadora da Etiópia no Brasil, Chile e Argentina, Sinknesh Ejigu. Segundo ela, os interesses nacionais da Etiópia foram redefinidos para se focar nas vulnerabilidades internas do país e seus reais problemas políticos e econômicos.
Renascença Africana – A seu ver, a Etiópia de hoje está em busca do crescimento e desenvolvimento e estabelecendo mecanismos para solucionar seus desafios internos. “A Etiópia é um país antigo que conta com grande diversidade, ricas atrações históricas, culturais e arqueológicas, bem como numerosas áreas ricas em vida selvagem”, explicou a embaixadora, lembrado que em seu país está a sede da União Africana (AU), a Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (UNECA), e muitas organizações nacionais e internacionais, além de mais de 120 missões diplomáticas.
“O papel da Etiópia na manutenção da paz e participação em missões de paz – sob o escopo da União Africana e das Nações Unidas – é central”, disse a embaixadora. Segundo ela, esse papel é importante também na diminuição da pobreza e no desenvolvimento regional integrado e a Agenda 2063 da Renascença Africana.
Durante a festa comemorativa à Data Nacional, Sinknesh Ejigu destacou que, uma vez que o Brasil e a Etiópia compartilham valores em comum, há grande potencial para cooperação. Vários acordos foram assinados entre os dois países e um dos acordos que está para ser assinado é de cooperação para investimentos. Este ano, houve o Fórum de Investimentos e Negócios Brasil-Etiópia em São Paulo (SP) para aproximar o contato entre os investidores e pessoas de negócios dos dois países. Este ano, a Etiópia inaugurou consultados no Rio de Janeiro e em São Paulo para aumentar a cooperação cultural, econômica e social.
Tedros na OMS – Sinknesh Ejigu agradeceu ao Continente Africano por endossar a candidatura de Tedros Adhanom ao posto de Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS). “A África falou em uma só voz e essa voz foi ouvida”, disse. Tedros foi ministro da Saúde da Etiópia. Seu nome no comando da OMS foi elogiado pelo embaixador Fernando Abreu, Subsecretário-geral da África e do Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores. “Essa é uma ocasião de celebrar também a vitória do Dr. Tedros Adhanom nas recentes eleições ao cargo da OMS, reflexo da sua alta qualificação e da reconhecida competência da diplomacia etíope”, disse, lembrando que o Brasil se sente particularmente contente de ter dado apoio ao candidato.
Na opinião do embaixador Fernando Abreu, o governo etíope tem contribuído para enfrentar grandes desafios: “a Etiópia abriu seu mundo e converteu-se em um dos países que simboliza o processo de renascimento africano”. Abreu destacou o amplo potencial daquele país e de sua sociedade diversa e disse que a nação tem apresentado estabilidade política e econômica, com altas taxas de crescimento e crescente desenvolvimento humano. “Mesmo enfrentando grandes desafios ao desenvolvimento, a Etiópia não se tem furtado a dar importante contribuição às crises regionais, como a da Somália e do Sudão. É um dos maiores contribuintes globais para o envio de tropas às Nações Unidas e mediador fundamental na busca de soluções políticas para a sua região”, concluiu.
Antes do discurso de Sinknesh Ejigu e Fernando Abreu, a Banda de Música do 5º Batalhão da Polícia Militar do DF executou o Hino Nacional do Brasil e o Hino Nacional da Etiópia. Foi servido um jantar para os convidados e depois o tradicional café etíope.
Sobre a Etiópia:
- Presidente: Mulato Teshome
- Primeiro-Ministro: Hailemariam Dessalegn
- Addis Ababa, capital da Etiópia, em português significa “Nova Flor”.
- Religiões: Cristianismo e Islamismo
- Línguas: Amárico (língua oficial), Oromiffa e Trigrina. O Inglês é amplamente falado no país.
- Principais atividades: café, algodão, cana de açúcar, gergelim, flores, tempero, cevada, trigo, teff, feijão, milho, vegetais e frutas, bovinos, ovelhas, cabras e camelos.
- Existem referências à Etiópia na Bíblia, na Ilíada e na Odisseia.
- É o 2º país mais populoso da África, atrás apenas da Nigéria.
- Os etíopes nunca foram colonizados.
- O café teve sua origem há mil anos, na Etiópia (antiga Abissínia), na então província Kafta, mas foi a Arábia quem propagou a cultura do grão, que a partir de 1615 começou a ser consumido no continente europeu.