Rachel Alves Nariyoshi
O Zinfandel Day não tem uma data fixa, é comemorado anualmente na terceira quarta-feira do mês de novembro e tem como objetivo valorizar e fomentar o consumo dos mais diversos estilos de vinhos elaborados a partir dessa variedade.
A variedade Zinfandel adaptou-se tão bem ao terroir (solo e clima) californiano que é considerada a uva emblemática norte-americana, ou seja, é identificada como a revelação em qualidade, que agrada aos mais exigentes apreciadores de vinhos e está na composição da maioria dos vinhos produzidos nos EUA. É notoriamente conhecida como a “joia da California”, tendo o Central Valley como sua capital mundial. De tão estimada, foi laureada com o Zinfandel Day.
Além da homenagem com o Zinfandel Day, os norte-americanos fundaram em 1991 a Zinfandel Advocates & Producers (ZAP), uma organização que divulga os vinhos com workshops, seminários, master class e, claro, com degustações pelo projeto Zinfandel Experience que em ano de pandemia do Covid-19 é o Social Zinstancing Experience. Em 1997, a ZAP fez parceria com a Universidade da Califórnia em Davis no Projeto Zinfandel Heritage Vineyard para identificar e preservar as qualidades da variedade para as futuras gerações.
Muitos entusiastas dizem que a variedade é autóctone das terras americanas mas, esclarecemos aqui que a Vitis vinífera européia não é uma espécie nativa das Américas.
Então, como a variedade Zinfandel chegou aos EUA?
Vamos aos dados a partir das informações de Jancis Robinson no livro Uvas para Vinho, Penguin Books Ltda, edição do Kindle. Começamos falando que a variedade Zinfandel é a mesma variedade Primitivo que por sua vez é a mesma variedade Tribidrag. Seus nomes mudam de acordo com o país que as cultivam, entretanto esclarecemos que é a mesma variedade.
A variedade Tribidrag teria ido da Croácia para a Itália pelo mar Adriático. A primeira menção foi registrada na Itália em 1799, pelo padre Francesco Filippo Indellicati, na cidade de Gioia del Colle, quando citou que em seu vinhedo havia determinada variedade tinta de amadurecimento precoce que ele a chamou de Primativo, do latim primativus, que significa “primeiro a amadurecer”.
Já em terras americanas, no ano de 1829, o nome Zinfardel foi encontrado em um catálogo de viveiro em Long Island/EUA. Na década de 1830, a variedade apareceu em outros catálogos com grafias diferentes: Zinfendal, Zinfindal e Zinfendel. A grafia moderna Zinfandel apareceu pela primeira vez em 1852 em uma carta escrita pelo viticultor John Fisk Allen ao editor de The Horticulturist. E foi na década de 1860 que surgiu o acordo de que a grafia Zinfandel deveria ser adotada.
Em 1967, o patologista vegetal Austin Goheen do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos identificou que os vinhos das variedades Primitivo e Zinfandel tinham características organolépticas semelhantes. Pesquisas continuaram e em 1975 o Professor Wade Wolfe, certificou que as videiras de Primitivo, Zinfandel e Tribidrag apresentam o mesmo DNA, são geneticamente idênticas.
Da variedade Zinfandel são elaborados vinhos brancos, tintos, rosés e fortificados, no estilo do vinho do Porto. O rosé é conhecido por blush, porém o destaque mesmo são os vinhos tintos que apresentam intensa carga aromática, são encorpados e bem estruturados. No paladar, destacam-se agradáveis frutas vermelhas maduras. Quando envelhecidos exalam bouquet de tabaco e especiarias. Têm muita coloração e são indicados para harmonizar com o steak bovino.
Vinhos bem pontuados nas avaliações internacionais, elaborados a partir da variedade incrivelmente popular nos EUA e apreciada no mundo todo, sem dúvida alguma merece ter seu dia comemorado!
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