Reconhecido como presidente encarregado por 50 países, Guaidó (foto) pediu a união da oposição a respeito da proposta, que pretende elevar a pressão contra Maduro
“A consulta começa no dia 5 de dezembro, um dia antes da farsa eleitoral, e termina no dia 12 de dezembro”, afirmou o parlamentar Juan Pablo Guanipa em uma entrevista a Caracas Rádio, declarações que foram apoiadas pela equipe de Guaidó. O processo acontecerá de modo paralelo às eleições legislativas de 6 de dezembro: o governo dos Estados Unidos já anunciou que não vai reconhecer a votação e a UE (União Europeia) pediu um adiamento.
Os principais partidos de oposição anunciaram um boicote às legislativas depois que as novas autoridades eleitorais foram nomeadas pelo TSJ (Tribunal Supremo de Justiça), de tendência governista, uma competência que era do Parlamento, único poder controlado pela oposição.
Em repúdio ao processo que consideram uma “fraude”, a consulta acontecerá de forma “virtual e itinerante”, organizada por membros da sociedade civil e dirigentes, casa por casa. O último dia acontecerá de maneira presencial, “momento em que as pessoas poderão assistir em pontos distintos e expressar sua opinião”, explicou Guanipa.
A atividade não tem a participação do CNE (Conseljo Nacional Eleitoral), que para a oposição atua a serviço do chavismo. Tampouco seria vinculante devido ao controle institucional do presidente Nicolás Maduro.
A maioria opositora do Legislativo aprovou a consulta em 1° de outubro, com a aprovação de duas perguntas para esta forma de plebiscito: a primeira questionará se os cidadãos apoiam “todos os mecanismos de pressão nacional e internacional em prol de eleições presidenciais e parlamentares livres”, enquanto a segunda deseja saber se os venezuelanos rejeitam as votações para renovar o Parlamento estimuladas por Maduro e seus aliados.
Reconhecido como presidente encarregado por 50 países, Guaidó pediu a união da oposição a respeito da proposta, que pretende elevar a pressão contra Maduro. Esta não é a primeira vez que a oposição convoca uma consulta popular sem a participação das autoridades.
Os opositores organizaram uma consulta em julho de 2017, em meio a meses de protestos antigovernamentais, e afirmaram ter reunido 7,6 milhões de votos contra a convocação de uma Assembleia Constituinte neste país de 30 milhões de habitantes. Mas a Constituinte proposta por Maduro seguiu adiante e, na prática, assumiu as funções do Parlamento.