Uma medida que dava às suas ruas o aspecto de uma cidade-fantasma. “É um pouco sombrio e perturbador”, disse à AFP Sunniva O’Flynn, de 57 anos, em uma rua quase deserta durante o que normalmente seria um horário de pico.
Tem de novo essa espécie de nuvem de tristeza pelo fato de que a cidade esteja abandonada”, acrescentou. Os estabelecimentos comerciais não essenciais ficarão fechados por seis semanas, e os irlandeses podem sair de casa apenas em situações específicas, como fazer exercícios – a uma distância máxima de cinco quilômetros – e trabalhar em um setor considerado essencial.
Bares e restaurantes podem servir apenas comida para entrega. Já as escolas continuam abertas, marcando a principal diferença em relação ao longo confinamento da primavera (outono no Brasil). Em Grafton Street, uma das principais ruas comerciais de Dublin, não se vê a intensa atividade habitual das quintas-feiras. Apenas alguns poucos passageiros de máscara ocupam seus assentos nas transvias, em geral lotadas nesse horário.
O transporte público teve sua capacidade de funcionamento reduzida para 25%. “Tenho muitas dificuldades com este confinamento em particular”, disse Jo Finn, um bancário que vive sozinho e teme longas semanas de isolamento. “Quero apenas voltar à normalidade. Sinto falta dos meus amigos, da minha família e da minha vida normal”, desabafou Finn.
A pandemia deixou quase 1.900 mortos na República da Irlanda, país com menos de cinco milhões de habitantes, segundo números oficiais que também mostram um forte ressurgimento dos contágios: 1.167 novos casos positivos registrados na quarta-feira (21). Após ter chegado a um teto de 77 mortes diárias em abril, o número de falecimentos hoje é inferior a dez por dia na atualidade.
“O vírus se encontra agora em um ponto em que se propaga de muitas maneiras diferentes”, advertiu o ministro da Saúde, Stephen Donnelly, em entrevista à emissora pública RTE. Segundo ele, este confinamento é um “ataque preventivo” diante de um surto do vírus. O ministro destacou que o país já conseguiu superar com sucesso a crise de há alguns meses. “Funcionou. Achatamos a curva (…), e hoje é o primeiro dia de quando achataremos a curva pela segunda vez”, completou o ministro.