Ersin Tatar, um político cipriota-turco, defende uma solução com dois Estados soberanos, em oposição ao projeto do Presidente cessante.
Fraturada desde o golpe militar grego de 1974 e posterior reacção turca com a ocupação da parte norte do território, a ilha pode ter dado agora um passo atrás demasiado largo nas intenções de reunificação com a República do Chipre, que ocupa a parte sul, na região leste do Mediterrâneo.
Foi neste sentido que Tatar enviou uma mensagem de desafio ao lado grego da ilha: “Somos a voz dos cipriotas turcos. Merecemos a independência. Somos lutadores. Estamos a lutar pela nossa existência dentro da República Turca de Chipre do Norte. Portanto, os nossos vizinhos do sul e a comunidade internacional devem respeitar a nossa luta pela liberdade”.
Para as contas dessa questão da reunificação ficam os quase 52 por cento de Ersin Tatar contra os pouco mais de 48 por cento de Mustafa Akinci. Uma contabilidade que adia qualquer ideia de reunificação para uma ilha dividida repartida entre patrocínio grego a sul, em dois terços do território, e patrocínio turco a norte.
Desde 1974
Com essa divisão sancionada por um governo turco-cipriota a norte e um governo grego-cipriota, apenas este último é reconhecido internacionalmente. A República Turca de Chipre do Norte, com uma população a rondar os 300 mil, apenas é reconhecida pela Turquia, continuando a ser vista pelo resto do mundo como parte integrante do Chipre.
Durante as eleições que culminaram domingo com a vitória do Partido de Unidade Nacional, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, esteve sempre ao lado de Ersin Tatar. E, conhecidos os resultados da contenda, Erdogan enviou calorosas felicitações ao novo presidente.
Na rede Twitter, Tayyp Erdogan deixava a garantia de que a Turquia “continuará a desenvolver todos os esforços para proteger os direitos dos cipriotas turcos”. Ersin Tatar agradeceria o apoio de Ancara logo no discurso de vitória: “Nós merecemos a nossa independência. Nós somos a voz dos cipriotas turcos”.
Mustafa Akinci, o presidente derrotado, já havia deixado queixas de uma interferência de Ancara na eleição. Este domingo, após admitir a derrota, voltou a referir que o processo “não foi normal” e anunciou a sua retirada da arena política: “Estes resultados marcam o final da minha carreira política de 45 anos. Desejo boa sorte ao nosso povo”, declarou Akıncı, citado pela Associated Press.