Jamil Chade
“Reconhecimento de que a fome tem sido ao mesmo tempo causa e consequência das guerras e conflitos desde sempre”, disse Graziano à coluna.
Ao longo de seus anos no comando da FAO, o brasileiro insistiu sobre a necessidade de que a fome fosse colocada no centro do debate da segurança mundial. Graziano, porém, não foi o único a assumir um papel central na questão da fome no mundo. Nos anos 80, o Programa Mundial de Alimentação foi dirigido por um brasileiro, o embaixador Bernardo de Azevedo Brito.
Ele começou sua carreira nos anos 50 e depois de passar por embaixadas na Dinamarca, na Noruega, e na Missão Brasileira na ONU, ele assumiu a direção do organismo por um ano. Num discurso naquele momento, ele fazia um alerta muito similar ao que ocorre hoje, indicando que sem recursos milhões de pessoas poderiam morrer.
No começo dos anos 80, numa conferência da ONU, o embaixador brasileiro advertiu sobre “as consequência da disparidade progressivamente crescente entre a disponibilidade de recursos e os requisitos de desenvolvimento”. “O mundo também tem testemunhado uma trágica multiplicação de situações onde grandes volumes de ajuda alimentar são necessários, não para ajudar no processo de desenvolvimento e auto-suficiência alimentar, mas meramente para assegurar que vidas e condições humanas básicas sejam preservadas e sustentadas”, alertou. “Todas essas tendências afetaram profundamente as operações do Programa Mundial de Alimentos”, completou.