O coronavírus tem prejudicado inúmeros profissionais em todo o mundo, principalmente a classe artística, como a dos músicos, obrigados a trabalhar fora das “necessidades básicas”. O distanciamento social negou aos músicos a oportunidade de dar aos shows e a muitos jovens a chance de participar de projetos tão necessários para continuar sua formação.
O fazer então? Esperar a crise acabar? Essa não foi uma opção para os jovens músicos da Orquestra Jovem Equatoriana, que decidiram, junto com seu maestro, o brasileiro Diego Carneiro, formar o projeto inovador lançado em 12 de agosto, Dia Internacional da Juventude. “A Orquestra de Todas as Nações nasce de uma necessidade, especialmente para os jovens músicos da Orquestra Jovem Equatoriana, muitos deles refugiados e imigrantes, que se tornaram ainda mais vulneráveis hoje”, explica Carneiro.
O maestro disse ter visto, em primeira mão, as dificuldades dos músicos migrantes na América Central nessa pandemia. “Pensei então em criar uma plataforma na qual podemos ‘orquestrar’ nossos sonhos para enfrentar nossos desafios”, explicou. Assim, inspirado pela situação e pelo Dia Mundial dos Refugiados, em 20 de junho, Carneiro decidiu fazer sua segunda apresentação. O maestro iniciou com a música Igual, do cantor e compositor argentino Diego Torres.
O projeto foi tão bem recebido que a ideia pôde ser rapidamente colocada em prática. Tanto que gerou grande interesse entre os músicos da Orquestra Jovem do Equador, mas de muitos outros que logo começaram a expressar seu interesse em participar. Agora, eles são músicos de mais de 55 nações participantes. A ideia é chegar aos 100 países.
Inclusão através de diferentes músicas – A iniciativa, totalmente voluntária, segundo Diego Carneiro, visa gerar conectividade e oportunidade para os artistas participantes e abrir as portas para mais países. A própria orquestra deve funcionar como um exemplo de igualdade. “A ideia é trazer o melhor de cada nação e que através da música possamos motivar as pessoas a se unirem”, disse Carneiro, em referência às dificuldades que também podem surgir entre os membros, de diferentes nacionalidades, que compõem a orquestra, como entre palestinos e israelenses.
“O nome orquestra é mais um simbolismo”, disse Carneiro. O objetivo não é ter uma orquestra sob o conceito clássico da palavra, mas unir músicos de todos os tipos e aspectos que eles possam contribuir com seus próprios instrumentos, sejam eles um theremin ou instrumentos tradicionais do Azerbaijão, China ou Indonésia. “A ideia é encontrar uma única língua, uma única língua”, acrescentou o diretor. Além das diferentes culturas, a orquestra inclui jovens com necessidades especiais, entre os quais há aqueles que, por exemplo, não podem ouvir e participar através da linguagem de sinais.
Assista agora ao vídeo com a apresentação da All Nations Orchestra