Essa seria uma resposta ao acordo para normalizar as relações entre os Emirados Árabes Unidos e Israel anunciado na quinta-feira.
“Dei instruções ao ministro dos Negócios Estrangeiros, dizendo-lhe que podíamos suspender as nossas relações diplomáticas com o Governo de Abu Dhabi ou retirar o nosso embaixador” nos Emirados Árabes Unidos, disse o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em conferência de imprensa realizada em Istambul. A Turquia acusou hoje os Emirados Árabes de “traírem a causa palestiniana” ao aceitarem o acordo sobre a normalização das relações com Israel, sob a égide dos Estados Unidos.
O acordo deve ser assinado nas próximas três semanas em Washington. Segundo os Emirados Árabes Unidos, no âmbito do acordo, Israel “aceita pôr fim à vontade de anexação dos territórios palestinianos”, mas o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, não confirmou ainda esta premissa.
“Os Emirados Árabes Unidos apresentam isto [o acordo] como uma solução para o sacrifício da Palestina, mas estão a trair a causa palestiniana defendendo os próprios interesses”, refere um comunicado hoje divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia. “A História e a consciência dos povos da região não vão esquecer esta hipocrisia e jamais irão perdoar”, acrescenta o documento.
A reação de Ancara agrava as tensões entre a Turquia e os Emirados Árabes Unidos. Os dois Estados opõem-se nomeadamente em relação à situação na Líbia, onde apoiam campos opostos. Antes, o Irão considerou que o acordo de normalização das relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos é uma “estratégia estúpida”. A Autoridade Palestiniana de Mahmud Abbas considerou o acordo como “uma traição” à causa palestiniana e pediu uma “reunião de emergência” da Liga Árabe para denunciá-lo.
O projeto de normalização das relações entre Israel e as nações do Golfo, como o Bahrein, a Arábia Saudita e os Emirados, é um dos aspetos do plano da administração norte-americana de Donald Trump para o Médio Oriente saudado pelos israelitas, mas rejeitado pelos palestinianos. O plano prevê também a anexação por Israel do vale do Jordão e de colonatos na Cisjordânia, considerados ilegais pela lei internacional.