CHENGDU, China (Reuters) – O confisco coroou uma escalada dramática das tensões entre as duas maiores economias do mundo que começou quando funcionários do consulado chinês de Houston foram vistos queimando documentos em um pátio na terça-feira passada, horas antes de Pequim anunciar que havia recebido ordens de esvaziar a instalação.
O consulado dos EUA em Chengdu, localizada na província de Sichuan, foi fechado às 10h locais desta segunda-feira, e autoridades chinesas entraram no edifício pela porta da frente, disse o Ministério das Relações Exteriores da China em um comunicado.
Na sexta-feira, Pequim anunciou que determinou aos EUA que fechassem seu posto de Chengdu e que deu aos norte-americanos 72 horas para saírem, o mesmo prazo dado à China para liberar a missão de Houston, fechada naquele mesmo dia.
“Estamos decepcionados com a decisão do Partido Comunista chinês e nos empenharemos em continuar a buscar contato com o povo desta região importante através de nossos outros postos na China”, disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA em um email à Reuters.
À meia-noite local desta segunda-feira, a polícia retirou um bloqueio de rua que vinha restringindo o acesso à instalação de Chengdu. Dezenas de transeuntes pararam para fotografá-la e filmá-la.Um homem parou do outro lado da rua e tocou o hino nacional chinês no celular.
“Nós nos sentimos muito tristes com o rompimento da relação entre a China e os EUA”, disse um transeunte de sobrenome Li diante da missão.Um material semelhante a um lençol cinza foi instalado perto do local próximo da entrada em que uma placa havia sido fixada e sobre o local onde se lia em um letreiro grande “Consulado Geral dos EUA”.
A embaixada norte-americana divulgou um vídeo em chinês em sua conta de Twitter dizendo: “O consulado dos EUA promove orgulhosamente o entendimento mútuo entre americanos e o povo de Sichuan, Chongqing, Guizhou, Yunnan e Tibete desde 1985. Sentiremos saudades de vocês para sempre”.
A bandeira dos EUA não estava mais hasteada no consulado, tendo sido baixada às 6h18 locais desta segunda-feira, de acordo com um vídeo feito por um jornalista e compartilhado pela emissora estatal CCTV em sua conta de Weibo, plataforma semelhante ao Twitter.
Os laços entre os dois países estão em seu pior momento em décadas por causa de questões como comércio, tecnologia, a pandemia de Covid-19, as reivindicações de Pequim ao Mar do Sul da China e sua repressão a Hong Kong.