O julgamento do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por corrupção começará em janeiro, com testemunhas sendo ouvidas três vezes por semana, decidiu neste domingo (19) um tribunal. Advogados de Netanyahu, o primeiro premiê israelense que vai a julgamento estando no poder, pediram um adiamento de seis meses para preparar sua estratégia.
Eles sugeriram que seria difícil tirar a verdade de testemunhas vestindo máscaras de proteção contra o coronavírus, atualmente obrigatórias no país. Os problemas legais de Netanyahu impulsionaram parcialmente protestos contra ele. Os manifestantes o criticam por suposta corrupção e pela sua resposta à pandemia do novo coronavírus, que está em trajetória ruim no Estado judaico.
A polícia israelense usou canhões de água para dispersar manifestantes que se aglomeraram em frente à casa do premiê em Jerusalém, nesse sábado (18). Em Tel Aviv, manifestantes que bloquearam ruas entraram em confronto com a polícia. Netanyahu não precisou comparecer à sessão do tribunal neste domingo (19).
Manifestantes em Jerusalém e Tel Aviv pedem cadeia para Netanyahu
Milhares de manifestantes tomaram as ruas de Jerusalém e Tel Aviv no sábado, dia 18, aos brados de “Fora Corrupto!”, referindo-se aos processos que avançam contra o premiê Netanyahu e “Chega de negligência!”, em repúdio ao descaso com a pandemia que tem cobrado um alto índice de mortos e contágios (razão de 1,54 de transmissão, quando a do Brasil, apesar do elevado número de atingidos, está em 1,11).
As manifestações do sábado incluíram mais de 200 atos ao longo dos cruzamentos de estradas do país. Os manifestantes israelenses tomaram as ruas quarto vezes durante a semana que passou. O ato de Jerusalém cercou a residência do primeiro-ministro Bibi Netanyahu e também percorreram avenidas centrais, a exemplo da Rua Yaffa, desafiando proibições policiais.
Em Tel Aviv a manifestação também houve confrontos com a polícia. O ato aconteceu no Parque Charles Clore, como estava permitido, mas os manifestantes seguiram pelas ruas centrais da cidade em desafio a proibições. Houve dezenas de prisões.
Os atos são em protesto contra o descontrole resultante de uma segunda onda após abertura desmesurada (quando houve até o fim do uso de máscaras e as praias ficaram lotadas) e contra a falta de qualquer apoio aos microempresários.
Além da acusação por corrupção (a Corte de Jerusalém acaba de decidir que as audiências de exame das provas acusatórias contra Netanyahu por fraude, suborno e quebra de confiança terão início em janeiro do próximo ano e irão a um ritmo de três sessões por semana), manifestantes também protestam contra a ameaça de anexação de 30% da Cisjordânia, com a usurpação de terras palestinas ao longo do Vale do Jordão. Desvario nitidamente usado por Netanyahu para desviar o foco dos processos aos quais responde e que tem sido mundialmente repudiado.