Advogado, líder rebelde e presidente. Nelson Mandela foi das personalidades mais importantes na luta contra a segregação negra na África do Sul. Nasceu a 18 de julho de 1918 numa família de nobreza tribal, o clã Madiba, um “lugar distante, um pequeno distrito afastado do mundo dos grandes eventos, onde a vida corria da mesma forma como há centenas de anos”, como descreve na sua autobiografia.
Apesar de estar destinado a ocupar o lugar de chefe, aos 23 anos Nelson Mandela recusou a posição e mudou-se para Joanesburgo, onde viu com os próprios olhos o regime de terror imposto à maioria negra: era proibido o casamento interracial, era obrigado o registo da raça na certidão, brancos e negros viviam em áreas separadas, onde as escolas, hospitais e praças eram estabelecidos em locais distintos para as duas raças, entre outras leis segregacionistas.
Numa África do Sul regida pelas leis segregacionistas do Apartheid, Mandela tornou-se advogado e líder da resistência não violenta da juventude. Chegou até a fundar, em 1944, juntamente com Walter Sisulo e Oliver Tambo, a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (ANC), o principal instrumento de representação política dos negros. Criou também, em 1952, o primeiro escritório de advogados negros no país, juntamente com Oliver Tambo.
Em 1960, na sequência de protestos contra novas leis do regime segregacionista no Soweto, diversos líderes negros, entre eles Nelson Mandela, foram perseguidos, presos, torturados, assassinados ou condenados. A polícia sul-africana acabou por matar 69 pessoas, no conhecido Massacre de Sharpeville.
No ano seguinte, entrou na clandestinidade e deixou o país, sob o nome de David Motsamayi. Fundou então o Umkhonto we Sizwe – “A Lança da Nação” (MK), que permitiu ao ANC passar à luta armada. Permaneceu deste modo até 1964, ano em que foi acusado de sabotagem e condenado a prisão perpétua no Julgamento de Rivonia. Foi neste evento que declarou: “o ideal de uma sociedade democrática e livre é um ideal para cuja concretização espero viver. Mas, se for necessário, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”.
Durante os anos 80, a luta contra o Apartheid internacionalizou-se e entensificou-se, o que culminou num plebiscito que terminou com a aprovação do fim do regime. Com isto, Mandela foi libertado a 11 de fevereiro de 1990, pelo então presidente Frederik de Klerk. Ao sair da prisão de Victor Verster, perto da Cidade do Cabo, agradeceu aos “milhões de compatriotas” e a “todos aqueles que em todos os cantos do mundo se mobilizaram de forma incansável a favor da [sua] libertação”.
No ano de 1993, Nelson Mandela e o presidente sul-africano, Frederik de Klerk, assinaram uma nova Constituição, que acabou com a dominação política da minoria branca, preparando a África do Sul para um regime de democracia multirracial. No mesmo ano, ambos receberam o prémio Nobel da Paz.
Um ano mais tarde, Mandela conseguiu tornar as eleições multirraciais na África do Sul e saiu com a vitória, tornando-se presidente do país. Manteve-se na presidência até 1999, ano em que nomeou o seu sucessor e se muda com Graça Machel, a terceira mulher, para a pequena vila de Qunu.
Em 2006, Nelson Mandela foi premiado pela Amnistia Internacional, graças à sua luta em favor dos direitos humanos. Faleceu no dia 5 de dezembro de 2013, em Joanesburgo, na África do Sul.