Entrevista com Maurizio Simoncelli, co-fundador de “Archivio Disarmo”.
Andrea De Angelis, Silvonei José – Cidade do Vaticano
Um orçamento anual de cerca de 07 bilhões de dólares, menos de um ponto percentual dos gastos militares mundiais. As missões de paz têm um custo irrisório, especialmente quando comparadas ao seu objetivo: manter a paz em todos os cantos do planeta. Provenientes de mais de 120 países, há mais de 90 mil indivíduos empregados e cuja principal tarefa é proteger os civis que vivem em áreas de crise. As Nações Unidas comemoram hoje essas pessoas, com particular referência neste 2020 à mulher pacificadora.
“Mulheres na manutenção da paz: uma chave para a paz”
Enquanto este ano se recorda o 20º aniversário da adoção da Resolução 1325 do Conselho de Segurança da ONU sobre Mulheres, Paz e Segurança (UNSCR1325), o tema do Dia das forças de paz 2020 é “As mulheres na manutenção da paz: uma chave para a paz”. A presença de mulheres é essencial para promover e alcançar os objetivos da missão. Através da UNSCR1325, as consequentes resoluções e da iniciativa da Ação para a Manutenção da Paz (A4P), as Nações Unidas apelaram para uma expansão do papel e da contribuição das mulheres nas operações, incluindo a atividade de manutenção da paz. Neste sentido, a ONU pretende incentivar cada vez mais o envolvimento de mulheres de muitos países, pois elas representam atualmente apenas 6% do total das forças.
Paz e pandemia – A mensagem do Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres, expressa gratidão pelos mais de 90 mil civis, policiais e militares atualmente destacados em todo o mundo: “Eles estão enfrentando – lê-se -, um dos maiores desafios de todos os tempos conjugando seu mandato para manter a paz e a segurança enquanto ajudam as pessoas a enfrentar a pandemia da Covid-19. “As mulheres pacificadoras estão na vanguarda desta luta, e agradecemos sua dedicação e sacrifício no apoio aos esforços para responder ao novo coronavírus, bem como – disse Guterres -, na atuação dos mandatos de missão em circunstâncias difíceis”.
Simoncelli: “O papel da mulher é precioso” – “Há também muito a ser feito para que não haja preconceito contra as mulheres, tanto nesta como em outras áreas. Certamente seu papel é importante, também precioso no que diz respeito ao envolvimento da população feminina do território onde operam as missões das Nações Unidas”: foi o que disse em entrevista ao Vatican News o co-fundador do “Archivio Disarmo”, professor Maurizio Simoncelli. “Este é um dia especial, porque celebra o nobre esforço de cem mil pessoas que – acrescenta -, trabalham pela paz e cujo custo é realmente irrisório, cerca de 0,5% dos gastos militares globais”.
O dia 29 de maio – Enfim uma curiosidade: por que este dia é comemorado no final de maio? Não é por acaso. A Assembleia geral, em sua resolução 57/129, designou o dia 29 de maio como o Dia Internacional das Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas (Dia dos boinas-azuis) para comemorar o dia em que, em 1948, a primeira missão de manutenção da paz das Nações Unidas, a Organização de Supervisão da Trégua da ONU – conhecida como UNTSO – iniciou suas operações no Oriente Médio.
Premio – As Nações Unidas anunciaram, essa semana, que a comandante brasileira Carla Monteiro de Castro Araújo (foto) é a vencedora do Prêmio Defensora Militar da Igualdade de Gênero da ONU. Ela serve na Missão de Paz na República Centro-Africana. O Prêmio, criado em 2016, reconhece a dedicação e esforço de boinas-azuis na promoção dos princípios da Resolução 1325 do Conselho de Segurança sobre Mulheres, Paz e Segurança.