A Tunísia embarcou 54,7% menos produtos com destino ao Brasil entre janeiro e março deste ano com relação ao primeiro trimestre do ano passado. O país do Norte da África vendeu o equivalente a US$ 9,2 milhões aos brasileiros, principalmente em produtos químicos, máquinas, azeite de oliva e vestuário. As exportações brasileiras ao país árabe caíram 6,5% no mesmo período, somando US$ 51,6 milhões. O Brasil vende principalmente grãos como soja, além de açúcar, tabaco e café aos tunisianos.
“Vamos ver se daqui um mês vai melhorar, o corona[vírus] que decide”, declarou o embaixador da Tunísia em Brasília, Mohamed Hedi Soltani, em entrevista à ANBA. Ele afirmou que um grande programa de promoção do azeite de oliva tunisiano no Brasil está em pausa, e espera que tudo volte ao normal em breve.
“Nossa relação diplomática e política é excelente, precisamos fazer mais negócios e esperamos que tudo se normalize no Brasil e no mundo”, declarou. Segundo ele, a produção de azeite de oliva tunisiana não foi afetada, e entre janeiro e abril já foram exportadas 150 mil toneladas do produto ao mundo.
Soltani disse que a Tunísia tem uma situação razoável perante a pandemia por ter começado a quarentena cedo, em meados de março, e que esta semana volta a abrir o comércio e a indústria. Segundo dados atuais da Organização Mundial da Saúde (OMS), o país tem 1.022 casos confirmados de covid-19, 482 recuperados e 43 mortes pela doença.
“Entre 04 e 14 de maio está havendo a reabertura de alguns setores, não tudo, e depois deve abrir mais se a situação melhorar, ou não, mas o país segue em quarentena”, disse Soltani. Ele informou que a Tunísia tem um toque de recolher entre 20 horas e 06 horas, período em que ninguém pode sair de casa.
Serviços, transporte e turismo foram os setores mais afetados no país pela pandemia, segundo o embaixador. “A Tunísia recebeu mais de nove milhões de turistas no ano passado, e agora está tudo parado”, disse. Soltani afirma que ninguém pode prever quando as atividades do setor irão retornar, já que o turismo depende da reabertura de outros países. O setor turístico representa cerca de 7% do PIB do país e emprega 1,5 milhão de pessoas.
“A Tunísia está dando um auxílio emergencial de 200 dinares por pessoa para quem precisa”, informou Soltani. O valor equivale a R$ 386 pela cotação atual. Ele disse que o país também está ajudando as empresas que estão paradas neste período. O transporte de passageiros por vias aéreas, marítimas e terrestres também foi fechado, mas a entrada e saída de cargas se mantém no país árabe.
Tunisianos no Brasil – Cerca de 500 tunisianos vivem no Brasil atualmente, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, segundo a embaixada. Por volta de 10 cidadãos estão tentando retornar à Tunísia, mas os voos de passageiros estão suspensos. “A embaixada está ajudando, mas teria que ter um voo pela Europa ou por Marrocos”, explicou o embaixador. Por enquanto, a embaixada está oferecendo ajuda financeira entre R$ 200 e R$ 500 para os tunisianos que estão no País e não conseguem voltar. Eles estão principalmente em São Paulo.
Soltani mencionou que entre os tunisianos que moram no Brasil, cerca de 32 deles estão sem trabalho por conta da quarentena e também estão recebendo ajuda da embaixada. O serviço da embaixada está funcionando normalmente. “A embaixada está aberta, não posso fechar, temos que ajudar as pessoas, mas todos os funcionários estão trabalhando de máscara, seguindo as recomendações de higiene”, disse.
O navio de passageiros MSC Seaview, atracado em Santos em quarentena devido à pandemia, tem entre os tripulantes cinco tunisianos que também querem retornar ao país. “É uma situação muito complicada, todo mundo precisa esperar, fazemos o que podemos”, declarou. Nenhum dos tunisianos foi infectado pela doença que já contaminou 80 pessoas na embarcação, segundo informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgadas nesta segunda-feira (04). O navio deve permanecer em quarentena até pelo menos 14 de maio.