Talha, um vaso, que pode chegar a 2 metros de altura com capacidade para até 2 mil litros, são encontradas em vários modelos, desde as mais bojudas com curvaturas até aquelas com fundos pontiagudos que são semi-enterradas no chão, com ou sem alças.
O processo de vinificação em talhas existe há milênios e a Geórgia registra como sendo o primeiro país a elaborar vinhos em talhas há 8 mil anos, lá conhecido como “Kvevri”. Além da Geórgia, hoje em dia, Portugal se destaca na produção de vinhos elaborados em talhas, especialmente a região do Alentejo, que com o passar dos anos tem preservado esta tradição entre pequenos produtores e para consumo próprio. A história diz que a produção do vinho elaborado em talhas em terras portuguesas foi introduzida pelos romanos, ainda antes de Cristo, nas regiões ao longo do Tejo, onde há vestígios de fornos que eram usados para fazer as talhas.
Há no Alentejo um grupo de produtores que criou a “Rota do vinho de talha”, o “Encontro mundial dos vinhos de ânfora” e o “Amphora Day”, este último comemorado no dia 11 de novembro, dia de São Martinho, quando acontece a abertura das talhas com degustações, músicas, leitões assados, enfim, uma festa entre produtores, seus familiares e convidados apreciadores dos vinhos elaborados em talhas.
Visando assegurar a tradição, este grupo de produtores alentejanos definiu alguns requisitos legais obrigatórios para a produção do vinho de talha na região, como por exemplo, o cuidado com as uvas, que deverão ser pouco maceradas e imediatamente transferidas para as talhas juntamente com os sólidos (cascas, sementes e engaços) onde ficarão fermentando por até 15 dias, durante os quais, a remontagem (mistura dos sólidos e líquido) é feita diariamente e, depois da separação dos sólidos é permitida a filtragem do vinho na forma de trasfega de uma talha para outra. Além disso, não pode haver nenhuma interferência do homem neste processo de vinificação.
E o resultado? Um vinho diferente?
Sim! Muito diferente.
Segundo os produtores é um vinho de caráter e identidade únicos. São honestos, absolutamente naturais, mas que podem oxidar mais rápido que outros elaborados com tecnologias modernas, portanto, não é vinho de guarda. O enólogo lusitano Pedro Ribeiro, defensor desta técnica ancestral diz que “São vinhos que refletem de uma forma mais pura e autêntica o terroir que lhe deu origem. O terroir da Vidigueira é conhecido pelo frescor e mineralidade e é isso que quero traduzir para os meus vinhos. Como são vinhos de mínima intervenção são um “filtro” deste terroir que eu tanto respeito.”
Enquanto no mundo todo ocorre um avanço tecnológico com o emprego dos grandes tanques de aço inox com controle de temperatura para aumentar a produção de vinhos, resultando em vinhos semelhantes, elaborados com as mesmas uvas, as mesmas leveduras, as mesmas madeiras, em direção oposta, tem-se observado enólogos dedicados a usar o método ancentral de elaboração de vinhos em talhas, considerado uma das formas mais naturais em produção de vinhos.
Tim-tim!
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Muito interessante, adorei.
Não tinha conhecimento dos vinhos de talha.
Como é possível encontrar o vinho de talha no Brasil?
Achei interressante! Quero provar!