O Reino Unido já está oficialmente fora da União Europeia. Às 23 horas de Londres (20 horas em Brasília) passou a valer o Brexit, aprovado em um plebiscito há mais de três anos e meio, em 23 de junho de 2016. Foram necessários 1.317 dias de espera, dois adiamentos, três primeiros-ministros e uma série de acordos rejeitados pelo Parlamento britânico até que a saída finalmente se concretizasse. Começa agora período de transição, em que as partes negociam como será relação no futuro.
Já durante a tarde, símbolos do Reino Unido foram retirados de órgãos da União Europeia, como o Parlamento e o Conselho Europeu, em Bruxelas, onde as bandeiras foram removidas horas antes da saída oficial (veja vídeo abaixo). Nesta sexta, o Reino Unido se tornou o primeiro país a deixar a UE desde sua criação.
Em um pronunciamento uma hora antes da saída oficial, o primeiro-ministro Boris Johnson afirmou que o Brexit “não é um fim, mas um começo” e “um momento de renovação e mudança nacional”.
“Este é o momento quando começamos a nos unir e passamos de fase”, disse ainda, em tom otimista. “Este é o início de uma nova era na qual não aceitamos mais que as chances de sua vida – as chances da vida da sua família – dependam de que parte do país você cresceu”.Segundo Johnson, é o momento de “usar esses novos poderes, essa soberania readquirida para oferecer as mudanças pelas quais as pessoas votaram”.
“Seja controlando a imigração ou criando portos livres, libertando nossa indústria pesqueira ou fazendo tratados de livre comércio, ou simplesmente criando nossas leis e regras para o benefício do povo deste país”.O primeiro-ministro disse ainda que o bloco europeu se desenvolveu de uma forma que não serve mais para o Reino Unido, mas que a intenção é manter uma boa relação, mesmo fora da UE.
“Queremos que este seja o começo de uma nova era de cooperação amigável entre a UE e um Reino Unido energético, um Reino Unido que seja simultaneamente um grande poder europeu e verdadeiramente global em nosso alcance e nossas ambições”, afirmou. Transição – Mas a saída oficial não significa que os britânicos não estarão mais conectados ao bloco europeu de um dia para o outro. Durante 11 meses, as duas partes ainda terão um período de transição, em que vários detalhes do relacionamento entre elas serão negociados. Entre os mais importantes estão:
Circulação de cidadãos europeus e britânicos entre Reino Unido e União Europeia (incluindo regras de habilitação e passaportes de animais)
Permissões de residência e trabalho para europeus no Reino Unido e britânicos na UE
Comércio entre Reino Unido e União Europeia, tarifas de importação, livre circulação de mercadorias
Questões de segurança, compartilhamento de dados e segurança
Licenciamento e regulamentação de medicamentos
Circulação de alimentos
Destas, a questão mais importante, sem dúvida, é a comercial, já que a UE respondeu por 49% das negociações do Reino Unido em 2019.
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson confia na negociação de um acordo satisfatório para ambas as partes, mas já anunciou que não irá pedir nenhuma extensão no período de transição, e que este será encerrado dentro da data prevista – 31 de dezembro de 2020 – independente do resultado. Mas, caso mude de ideia, as duas partes têm até 1º de julho para definirem uma extensão.