A crise entre Irã e Estados Unidos foi discutida, nesta quinta-feira (9), em uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas. E, como é comum em situações como esta, cada lado apresenta uma versão particular dos fatos.
Em Teerã, um general da Guarda Revolucionária detalhou a versão iraniana dos ataques a duas bases aéreas que abrigam tropas americanas no Iraque, na terça-feira (7). Os Estados Unidos e o Iraque dizem que não houve vítimas.
Amir Hajizadeh afirmou que a intenção não era matar ou ferir ninguém na operação, mas que, mesmo assim, houve muitos mortos e feridos e que, eventualmente, esse número vai aparecer. Ele também disse que o bombardeio das bases foi apenas o primeiro de uma série de ataques no Oriente Médio.
O novo comandante da Força Quds, que coordena as operações militares iranianas no exterior, disse que vai continuar o trabalho do predecessor, o general Qassem Soleimani – apontado como o responsável por ampliar a influência iraniana no Iraque, na Síria, no Líbano e no Iêmen. Soleimani foi assassinado em um ataque americano em solo iraquiano na semana passada.
As declarações dos militares contrastam com a afirmação do ministro das Relações Exteriores do Irã. Javad Zarif disse na quarta-feira (8) que o país não quer aumentar as tensões, nem começar uma guerra contra os Estados Unidos.
Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu e tratou do conflito entre Estados Unidos e Irã. Os dois países alegam que os ataques recentes foram em legítima defesa e que respeitaram as regras da ONU.
Os Estados Unidos entregaram uma carta à ONU dizendo que estão prontos para negociar. A embaixadora Kelly Craft afirmou na reunião que os americanos querem trabalhar por um grande futuro para o Irã.
O embaixador iraniano Majid Ravanchi criticou a política americana de embargos ao Irã, o que chamou de terrorismo econômico. Mais cedo, ele tinha declarado que é inacreditável que Donald Trump queira negociar ao mesmo tempo em que impõe novas sanções ao país.
Em Washington, Trump afirmou que as sanções anunciadas na quarta (8) como resposta ao ataque iraniano já estão em vigor. O presidente também disse que não precisaria de autorização do Congresso para uma futura ação militar contra o Irã.
A Câmara dos Deputados, liderada pela oposição democrata, discorda e aprovou nesta quinta (9) uma resolução obrigando Trump a pedir essa autorização. Mas o projeto não deve avançar no Senado, onde os governistas têm maioria.
A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, declarou que o presidente conduziu um ataque aéreo provocador e desproporcional contra o Irã, que colocou americanos em risco, e fez isso sem consultar o Congresso. Pelosi disse que os Estados Unidos e o mundo não podem pagar o preço de uma guerra.