Rachel Alves
O evento foi realizado em Brasília, no dia 12 de dezembro, na sede diplomática. Em seu discurso, o embaixador Haralambos Kafkarides falou que o Chipe tem “economia focada no turismo e serviços, forte tradição marítima sendo a terceira maior frota da União Europeia e estilo de vida mediterrâneo: boa comida e bom vinho, por isso, o proprio Rei da Inglaterra, Ricardo I, disse que a Commandaria era o rei dos vinhos e o vinho dos reis”.
Com área de 9.258 km2, o Chipre é um país independente. Está na União Europeia, situado no Oriente Médio e localização estratégica privilegiada entre a Europa, Ásia e África. É um país insular localizado no Mar Mediterrâneo onde, por muitos anos, os Fenícios fizeram o comércio, inclusive de vinhos. Ao longo do tempo, o comércio lucrativo de vinhos impulsionou a vinificação em todas as regiões do mediterrâneo. Alguns historiadores dão conta de que foram os Gregos que introduziram a viticultura no Chipre.
Verdade ou não, o Chipre tem população formada por 80% de gregos, 18% de turcos, e os demais 2% são armênios e maronitas, com alto Índice de Desenvolvimento Humano. De tão encantadora que é, a ilha foi dada de presente pelo romano Marco Antônio à sua amada, a rainha do Egito, Cleópatra. Folclore à parte, em escavações arqueológicas, foi descoberto que no Chipre foi feito o primeiro perfume do mundo.
Por milênios, Chipre se tornou conhecido como um país vinícola. O contexto da sua produção de vinho pode ser rastreada há quase 4.000 anos e o vinho Commandaria tornou-se conhecido na Idade Média, quando também recebeu seu nome.
História – Conta a história que no Século XII o rei da Inglaterra, Ricardo I, também conhecido como Ricardo Coração de Leão, conquistou a ilha, conheceu o vinho doce e fortificado e passou a considerá-lo digno de um rei. Ao vendê-la aos Cavaleiros Templários, que se estabeleceram no Castelo Kolossi (Gran Commanderie – palavra que designa uma organização militar), estes se tornaram os guardiões da produção do citado vinho, que antes conhecido como Nama passou a ser chamado de Commandaria e, em 1990 passaria a ser uma denominação de origem protegida (DOP Commandaria).
Essa DOP Commandaria, localizada nas encostas a sul das Montanhas Troodos, com altitude de 500 a 1.000 metros acima do nível do mar, é uma das “7 rotas espectaculares do vinho no Chipre.” Tem hoje 14 pequenas vinícolas familiares nas aldeiras de Agios Georgios, Doros, Laneia, Agios Mamas, Kapileio, Zoopigi, Kalo Chorio, Agios Pavlos, Agios Konstantinos, Louvaras, Gerasa, Apsiou, Monagri e Silikou. Todas elas produzem o vinho Commandaria, mantendo suas particularidades, de apenas 2 uvas autóctones da ilha: Mavro (vermelha) e Xynisteri (branca).
Boa uva, bons vinhos! Favorecidos pelo clima subtropical mediterrâneo com verões quentes e temperatura média anual de 24°C durante o dia e 12°C à noite. As chuvas ocorrem no inverno, sendo que o verão é muito seco. Além do solo vulcânico e muito calcário em combinação com a influência oceânica, apresenta outro fator importante que influencia na qualidade das uvas, é que na ilha ainda não apareceu a temida filoxera, não sendo necessário enxertar as videiras (viníferas americanas com as vitis viníferas européias), mantendo a sua originalidade.
O vinho de Commandaria é fortificado pela adição de álcool vínico. Este processo segue um estilo de vinificação antigo e está documentado, tornando o vinho Commandaria o mais antigo vinho nomeado em produção contínua até hoje. Tem aspecto visual licoroso, textura sedosa, com intensa presença em boca, de cor âmbar, com notas de mel, caramelo, ervas, baunilha, especiarias, madeira, nozes e frutas secas. Sua textura aveludada (quando bem gelado) é o acompanhamento perfeito para as sobremesas.
A seguir, listaremos os vinhos que foram degustados:
1-Saint Barnabas (www.kamanerena.com.cy): Esse vinho foi especialmente elaborado somente com a uva branca Xynisteri e é um Vintage. Vinho com personalidade, apresenta aromas de chocolate amargo, aromas de palha seca, cor âmbar escurecido e 14% de álcool.
2-Alasia 2005 (www.laikocosmos.com): Vinho intenso, com aromas de frutas vermelhas escuras, sobressaindo notas de ameixas e madeira queimada, além de chocolate e tabaco e 15% de álcool.
3- Saint Nicholas 2003 (www.etkowines.com): de cor âmbar escura, apresenta aroma doce e frutado de nozes, caramelo e especiarias e 15% de álcool
4-Menargos 2011 (www.menargos.net): envasado em garrafa que lembra um fino licor, esse vinho apresenta cor âmbar mais claro, aroma de caramelo, café, figos secos e muito mel e 13,5% de álcool.
5-Apollonia 1998 (www.lambouri.com): envasado em garrafa especial, apresenta aromas de amêndoas torradas, frutas secas, canela, mel, chocolate e inebriante nuances de baunilha e 15% de álcool.
Tim-tim ao Chipre!
Tim-tim aos vinhos Commandaria!
Rachel Alves é professora, sommelière , Juíza internacional de Qualificação de Vinhos e articulista da revista Embassy
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Maravilhosa reportagem!! Me transportei ao Chipre e quero degustar os vinhos!!! Parabéns querida Presidente Rachel Alves!!!!