Em comemoração ao bicentenário da presença oficial suíça no Brasil, os Correios em parceria com representação diplomática suiça, lançou nesta segunda-feira (25) o selo especial da série Relações Diplomáticas. A imagem do selo foi eleita pelos seguidores das redes sociais da embaixada. A ideia foi unir, em uma única imagem, dois símbolos importantes das culturas suíça e brasileira, sendo o Matterhorn e o Pão de Açúcar as imagens escolhidas.
A emissão, com tiragem de 240 mil exemplares, é composta por um único selo, com valor facial de R$ 2,15. A peça está disponível nas principais agências de todo o país e também na loja virtual dos Correios.
O imponente monte suíço, o morro brasileiro na baia da Guanabara e o céu foram pintados separadamente, utilizando-se a técnica de aquarela. A montagem foi feita digitalmente, mesclando as paisagens e suas vegetações tão distintas. O lago suíço se dissolve nas águas da baia e dois veleiros deslizam, portando cada um a bandeira do respectivo país.
O embaixador da Suíça, Andrea Semadeni declarou que apesar da há 47 anos a Embaixada da Suíça ter saído do Rio de Janeiro e ter ido para Brasília, as aparições dos suíços no Brasil começaram há 200 anos. “Dois mil suíços saíram de vários locais do país, incluindo a cidade de Friburgo, para o Brasil e fundaram a cidade de Nova Friburgo em terras brasileiras”.
Segundo Semadeni, não é apenas Nova Friburgo que tem população suíça, mas uma série de outras cidades brasileiras. “A suíça realmente se espalhou por essa imensidão do Brasil. Então estamos muito felizes de comemorar esses duzentos anos com este selo comemorativo”, afirmou o diplomata.
Diversos fatos históricos corroboraram para que o Brasil recebesse um grande fluxo de povos europeus a partir da segunda metade do século XIX, de acordo com o Diretor dos Correios, Celso José Tiago. “A Europa vivenciou a era napoleônica a partir de 1799 a 1815, e nesse período existiram diversas guerras e anexações territoriais que trouxeram muito caos, fome e miséria ao continente europeu”, pontuou.
Conforme apontado pelo diretor, essa realidade levou muitos a buscarem outro local para viver, migrando para o Brasil e outros países. “A Suíça influencia até hoje de forma positiva a nossa cultura e os Correios estão felizes de produzir este selo”.
Bicicletas – Em 1972, a Embaixada da Suíça passou do Rio de Janeiro para Brasília. Relembrando o caminho, dois ciclistas – Ivani Ribeiro Ezequiel e Cleiton Henrique Carniel – percorreram o trajeto de 1250 km de bicicleta. A ideia foi desbravar o caminho entre as duas cidades, além do incentivo ao esporte e sustentabilidade ambiental. “Para os suíços, a bicicleta não é apenas lazer, mas um meio de transporte
História – Os primeiros suíços chegaram ao Rio de Janeiro em 1819, tendo um projeto emigratório do Cantão de Friburgo foi estimulado devido ao contexto de crise econômica após o fim das Guerras Napoleônicas em 1815. O objetivo era incentivar os colonos ao trabalho com manufatura, sobretudo têxtil, uma indústria que ainda era pouco explorada no Brasil, e também estimular a ocupação de terras para a agricultura. Por outro lado, a própria Coroa Portuguesa, instalada no Rio de Janeiro desde 1808, vinha aos poucos implementando uma política de desenvolvimento do território. Nesse caso, considerava-se essencial a abertura de estradas que facilitassem a comunicação da Corte com o extenso território da América portuguesa e, também, o incentivo à ocupação de regiões pouco povoadas. A experiência com os imigrantes suíços foi pioneira neste sentido, embora não tenha sido a única. Na mesma época, foram fundadas as colônias de Viana, no Espírito Santo e de Leopoldina, na Bahia.
Com os pormenores acertados, foram selecionadas famílias da Suíça para que começassem a jornada de instalação no Brasil. Com a intenção de ocupar e desenvolver economicamente territórios próximos à nova sede da Corte, escolheram como destino a Fazenda do Morro Queimado, no Rio de Janeiro. A viagem dos primeiros imigrantes suíços foi feita entre setembro e outubro de 1819, em oito navios. Estima-se que por volta de 2 mil pessoas realizaram a travessia.