John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, acusou nesta sexta-feira (22) o governo dos Estados Unidos de impedir que ele tivesse acesso à conta pessoal no Twitter desde que o presidente Donald Trump o demitiu, em setembro.
“Desde que me retirei do cargo de conselheiro de Segurança Nacional, a Casa Branca se recusou a devolver o acesso à minha conta pessoal no Twitter”, escreveu Bolton na rede social nesta tarde, horas depois de, segundo ele, retomar o acesso.
“Foi por medo do que eu posso dizer? Àqueles que especulavam que eu me escondi, peço desculpas por desapontar”, completou.
Bolton tem se recusado a prestar depoimento no inquérito de impeachment contra Donald Trump. Na quinta-feira, em declaração na Câmara, a ex-assessora dele na Casa Branca Fiona Hill disse que “aqueles com informações têm uma obrigação moral de fornecê-las”.
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A declaração foi interpretada como uma “cutucada” em Bolton — afinal, o ex-conselheiro era chefe dela, que ocupava o cargo de ex-diretora sênior para Rússia e Europa no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Trump demitiu Bolton em 10 de setembro, por “discordâncias fundamentais” sobre como lidar com políticas externas em relação ao Irã, Coreia do Norte e Afeganistão, segundo o jornal “The New York Times”.
‘Missão política de Trump’
No depoimento de quinta-feira, Hill sustentou que o embaixador dos Estados Unidos na União Europeia, Gordon Sondland — acusado de pressionar a Ucrânia a anunciar uma investigação sobre a empresa onde trabalhou o filho de Joe Biden, Hunter — não estava simplesmente atuando fora de canais diplomáticos oficiais, mas seguindo instruções diretas de Trump.
“Ele [Sondland] estava sendo envolvido em uma missão política doméstica. E nós estávamos sendo envolvidos em uma política de segurança nacional”, disse.
Depoimento de embaixador complica Trump
Em determinado momento, republicanos se exaltaram, tentando cortar as respostas de Hill. Os deputados republicanos tentaram ressaltar as desavenças dela com Sondland, que prestou depoimento na quarta-feira, e disse que Trump buscava um “quid pro quo” com o governo ucraniano.
“Vocês podem não gostar da resposta da testemunha, mas nós a ouviremos”, disse o deputado Adam Schiff, presidente democrata do comitê.
Hill, ex-assessora do então assessor de segurança nacional John Bolton, advertiu severamente os legisladores republicanos — e implicitamente Trump — para deixar de empurrar uma narrativa “fictícia” de que a Ucrânia, e não a Rússia, interferiu nas eleições nos EUA.